‘Wish’ é o epiteto dos 100 anos de magia Disney

Um filme para a todos reverenciar

Já era esperado que a Disney lançasse em seu centenário um filme muito especial, um tributo. Esta foi a missão de Wish: O Poder dos Desejos (Wish), o 62º longa-metragem de animação do estúdio, que deveria em sua trama honrar e homenagear todo seu repertório. Sem esquecer a originalidade e a diversão.

Os criadores e roteiristas Jennifer Lee, Chris Buck e Fawn Veerasunthorn tiveram a tarefa de assistir todas as 61 animações anteriores em busca dos elementos mais marcantes da trajetória da Disney. Sendo os desejos os mais exaltados entre os temas, era impossível que o tema deste filme fosse outro. Figurando até no título. (Wish significa desejo em inglês.) Assim começava a nascer a história de Asha (Ariana DeBose), o Rei Magnífico (Chris Pine) e a Cidade das Rosas.

A premissa é um tanto simples: Asha é uma jovem de 17 anos que quer ser aprendiz do Rei Magnífico, que além de benevolente governante da ilha é um poderoso feiticeiro que guarda e realiza os desejos dos habitantes. Mas ao descobrir que só alguns são realizados, apenas os considerados bons para a Cidade das Rosas, segundo a opinião do rei, ela percebe que ele não é nada do que pensava.

A força da trama porém se encontra na determinação da garota de salvar os desejos e devolvê-los aos seus donos para que eles mesmos possam realizá-los. Além de uma mensagem bonita e extremamente significativa, é a partir desse ponto que a história fica realmente envolvente. E as referências aos clássicos se tornam um quentinho a mais no coração.

Sim, Asha tem sete amigos, canta com animais, flores e árvores na floresta e faz um pedido a uma estrela, que se torna um personagem muito fofinho. Mas a despeito de todos os easter eggs e mesmo a mensagem sendo um lembrete de lema que guiou Walt Disney por toda a vida – “Se você pode sonhar, você pode fazer”Wish também acaba sendo um símbolo do quanto o estúdio evoluiu. Temos personagens multiétnicos, uma protagonista que não é uma donzela indefesa, uma revolta popular e até mesmo crítica a violência doméstica. Os dois últimos pontos certamente me surpreenderam.

Apesar de todas as críticas negativas ao filme, ressaltando apenas o falta de aprofundamento no passado do vilão e tratando a história como rasa por causa disso, tive uma visão bem diferente. Convenhamos, nenhum vilão de Indiana Jones teve o passado esmiuçado e isso não impediu que os filmes virassem uma saga de sucesso. Darth Vader, o icônico vilão de Star Wars, só teve seu passado revelado em detalhes depois de duas décadas. A verdade é que achei bem inesperado da parte da Disney trazer como vilão um líder tirano. Antes do Rei Magnífico acredito que apenas Scar de O Rei Leão ocupava o posto.

As canções compostas por Julia Michaels e Benjamin Rice é outro ponto alto. Nada de músicas chiclete, são letras bonitas, fortes e reflexivas. Muitas vezes elas enriquecem a trama e provocam o espectador. Até mesmo fazendo um aceno ao astrofísico Carl Sagan na canção Você É Uma Estrela (I’m A Star) quando Valentino (Alan Tudyk) canta questionando Estrela “então a sua luz é a minha luz?”. No inglês “so your dust, is my dust?” é uma boa referência a famosa citação do cientista: Somos todos poeira das estrelas.”

Entre tantas referências e homenagens, o próprio estilo de animação de Wish é um tributo ao legado Disney. A mistura de aquarela com CG resultou em algo belo, quase onírico. Certamente algo a se admirar.

Por fim, Wish é um filme para se ver com coração a mente abertos. Pode ter nascido como um tributo aos 100 anos dos Estúdios Disney, mas nos dá muito mais do que belos easter eggs. Basta estar disposto a receber o que o filme entrega. Wish estreou nos cinemas brasileiros em 4 de janeiro.

Nota: 9,5

Confira o trailer:

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