Conversamos com Adanilo, ator do filme ‘Marighella’

No dia 31 de março, ator fala sobre o longa-metragem nacional

Marighella já é um marco no cinema nacional. Em meio a tantos problemas, o filme foi vítima de problemas de adiamento Apesar disso, o filme estreia agora na Rede Globo em formato de minissérie. Para falar da produção, conversamos com Adanilo Reis, o Adanilo, ator do filme.

++ Exclusivo! Entrevistamos Lino Facioli, ator de Game of Thrones

Adanilo interpreta Danilo, numa dinâmica em que atores interpretam personagens que são seus xarás. A retirada da primeira letra foi para minimizar qualquer inverossimilhança. Confira como foi a entrevista, por e-mail:

Wagner Moura é um diretor iniciante por assim dizer. Aqui no POPOCA, achamos muito interessante seu Sergio, que está disponível na Netflix. Como foi trabalhar com um diretor que começa a formar sua visão de direção em Marighella, além de ser um ator consagrado?

Adanilo: O Wagner é muito enérgico, né? Dá para ver nas suas atuações, o rigor. Como diretor – sobretudo do Marighella, um filme de ação eletrizante – Wagner carregava essa mesma euforia e gana de ver a verdade daquela história de guerrilha. Toda bagagem como ator, lhe respaldava na direção. Além disso, uma decisão certeira foi a escolha da equipe, uma grande máquina funcionando para que o projeto fosse concluído.

Marighella é um herói preto e brasileiro, algo que parece que nossas narrativas audiovisuais parecem ter relembrado só agora. O que você pode falar do Seu Jorge neste papel principal?

Adanilo: Seu Jorge estava entregue, atento e forte. Para minha sorte, minhas cenas envolvem relação direta com o Marighella, momentos de tensão dos personagens guerrilheiros. Seu Jorge, como protagonista, segurou a onda do filme, nos brinda com um Marighella líder, doce, sútil, cirúrgico, polivalente.

Vamos falar um pouco de você… Passou pela tradicional Martins Penna. O que pode falar da sua formação por lá e como te levou até um filme que está rodando o mundo?

Adanilo: Não cheguei a me formar na Escola de Teatro Martins Penna, infelizmente. Muitas coisas aconteceram, paralisações da escola, sucateamento do ensino de arte, minha filha nasceu, me mudei do Rio de Janeiro. Mas dos três anos que estive estudando na Martins, levo ensinamentos para vida dentro e fora dos palcos. Não é só por ser a escola pública de artes cênicas mais antiga da América Latina, mas ali respira-se teatro, é notória a disposição dos alunos, professores e funcionários para que a escola siga com a qualidade de ensino necessária. É muito rico ter a oportunidade de investigar os meandros do teatro, da atuação aos cenários e figurinos, da dramaturgia às possibilidades de encenação, teoria e prática. A Martins Penna me abriu horizontes, me abriu os olhos para o mundo cênico.[

Seu Jorge encarna Marighella em filme homônimo
Seu Jorge encarna Marighella em filme homônimo
Você também tem uma história como ator de teatro, que é algo que falamos pouco por aqui. Pode explicar como o ator dos palcos alimenta o do cinema e vice-versa?

Adanilo: Já tem quatro anos que não faço teatro como ator, só escrevendo e dirigindo. Minha base é o teatro, incontestavelmente, é onde aprendi a me portar em cena, usar a voz e meu corpo, me relacionar com meus companheiros de atuação. Estar diante de uma câmera ou de uma plateia é relativamente parecido, tudo precisa ser feito com verdade, é preciso estar vivendo a situação encenada.

Você está filmando a segunda temporada de Segunda Chamada. Pode falar um pouco de como será sua participação?

Adanilo: Enfim voltamos a filmar Segunda Chamada, depois de quase um ano parados por conta da pandemia de corona vírus. Na série, faço um indígena vivendo em São Paulo, que depois de passar por frustrações como preconceitos e outras dificuldades da vida numa metrópole, e de ter que lidar com a vida afastada do seu povo, encontra na volta aos estudos uma oportunidade de se reencontrar e colaborar com sua gente.

Voltando a Marighella, o que você sabia sobre o personagem antes da produção e como foi a preparação a respeito?

Adanilo: A preparação consistiu em treinos e exercícios mediados por Fátima Toledo e sua equipe. Como as situações do filme são de extrema dureza, torturas, sofrimentos, nossos ensaios e preparos consistiam em situações que remetessem a estes universos. Doloroso, instigante e difícil, mas depositando estas densas energias nos lugares certos, bons resultados aparecem. Acho que a força de Marighella nos mostra um pouco disso.

No ano passado, o filme teve seu lançamento cancelado pela distribuidora. Como vocês do elenco e equipe receberam esta notícia em um momento como esse que o Brasil vive?

Adanilo: Agora temos uma nova data para o lançamento: 14 de Abril de 2021. Esperamos que saia logo, acreditamos na importância desse filme para o país em que vivemos atualmente.

Tem algum outro projeto que você esteja desenvolvendo agora, além do segunda chamada?
Adanilo: Tenho três projetos aprovados na Aldir Blanc pela Secretaria de Cultura do Amazonas: a filmagem do curta-metragem Castanho, que assino roteiro e direção; a circulação do espetáculo Bicho Doido, que também escrevi e dirigi; e a elaboração de um roteiro sobre a trajetória do povo Omágua/Kambeba, desenvolvido junto deles.

Além disso, estou montando a peça Ayuri Kawa – Tempos Manaús, que conta a trajetória do Ajuricaba relacionada ao meu cotidiano de indígena urbano periférico; e iniciei as pesquisas para saber da minha ancestralidade indígena, talvez isso possa cuminar num documentário.

 

Fique atento ao POPOCA para saber mais sobre Marighella. Até lá, fique com o trailer do filme:

Arquivos

Leia Mais
‘Comédias para se ler na escola’ é mais um Veríssimo imperdível