‘The Matrix Resurrections’: mais referência que história

Lana Wachowski perde chance em um filme que parece não ter muito o que contar

The Matrix Resurrections tinha um desafio difícil pela frente. Superar ou igualar o filme de 1999 ou, pelo menos, não ser controverso como suas sequências Reloaded e Revolutions. Infelizmente, a diretora Lana Wachowski – única que retornou a produção – não consegue e acaba fazendo um filme com ar de desnecessário apesar de bons momentos.

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Thomas Andersen (Keannu Reeves) é um bem-sucedido designer de games. Na verdade, o melhor que existe. Inventor do jogo The Matrix costuma ter lembranças de uma vida que está convencido que nunca existiu e que apenas imaginou. Mas como superar o que parece tão real? Ao mesmo tempo, em outro lugar ou em outro mundo, a jovem Bugs (Jessica Henwick) nota uma simulação que reprisa a história original de Trinity (Carrie Anne-Moss) e Neo.

The Matrix Revolutions tem dois problema graves que tentam resolver outro problema. Para explicar uma história complicada, o filme é verborrágico – com longos e extensos diálogos que precisam desenhar a trama para o espectador porque a história não conta – e excessivamente auto-referrente a The Matrix, como se alguém que fosse assistir uma produção da franquia já não o conhecesse em cada minuto. Houve reprises na TV e em salas de cinema, inclusive.

Quando The Matrix Resurrections aposta na própria história a atuação de Jessica Henwick é empolgante e leva jeito de dar um ar novo à franquia. Mas logo isso se perde para uma nova/velha história de amor entre Neo e Trinity, que já foi contada e agora ganha ares de reboot ainda que seja uma sequência. A melhor coisa do filme, de longe, é Bugs justamente porque é algo novo e original dentro de um universo que já conhecemos. É uma pena que a personagem acabe ofuscada na tela para contar uma jornada mais superficial. Yahya Abdul-Mateen II consegue se distanciar de Lawrence Fishburne com seu novo Morpheus, mas também é uma novidade que acaba apagada para que os heróis de mais de vinte anos atrás reprisem seu protagonismo.

O resto do elenco é completado por muitos atores de Sense8 que talvez merecessem um pouquinho mais de espaço. Os roteiristas da série David Mitchell e Aleksandar Hemon assinam o script deste filme.

As cenas de ação estão aquém do que a sequência já entregou. The Matrix Resurrrections entrega perseguições de carro piores que Velozes e Furiosos e cenas de luta entre seres com superpoderes pior do que qualquer filme da Marvel e abusam demais do slow motion sem bullet time em algo que lembra vagamente os filmes de Zack Snyder. Lana parece empenhada em entregar algo que fale ou referencie do universo ao invés de honra-lo.

Fica a sensação de uma boa ideia que tem bons momentos, mas acaba sendo o filme mais fraco da franquia ainda que valha o ingresso. Feliz ou infelizmente, não há dúvida de que é uma produção The Matrix, o que encanta mas também gera expectativa. Fica a perspectiva para que Lana Wachowski se anime e retome a história com os novos personagens. E deixe Neo, Trinity e Smith (aqui encarnado por Jonathan Grof) de lado de uma vez por todas.

Nota: 5

Assista ao trailer do filme:

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