Filmes de Scorcese também “invadiram” o cinema

Martin Scorcese está chateado com o sucesso da Marvel. O diretor de filmes como Os Infiltrados e Gangues de Nova York acredita que o Marvelverso não é cinema, mas outra coisa. De acordo com o diretor:

O valor de um filme que é como um parque temático, por exemplo, os filmes da Marvel que tornam os cinemas como parques de diversão, são uma experiência diferente. Como eu disse antes, isso não é cinema, é algo diferente. Se você gosta disso ou não, é diferente, e nós não deveríamos ser invadidos por isso. E por isso é uma grande questão, e precisamos que as salas de cinema se imponham, para permitir a exibição de filmes que são filmes narrativos.

Martin Scorcese

É curiosa a opinião de Scorcese. No Brasil, sem uma lei que preserve uma cota de filmes nacionais, não teríamos nem mesmo as produções de gente como Walter Salles ou Kleber Mendonça Filho nos cinemas. Como teria sido 2019 sem Bacurau?

Por que Scorcese acha que pode criticar os filmes da Marvel, quando suas produções se beneficiam do mesmo sistema que gera Os Vingadores?

Star System
Imagine, por exemplo, no mesmo ano em que Taxi Driver fosse lançado que algum diretor brasileiro recebesse o mesmo roteiro e plano de filmagem. Seguisse à risca e conseguisse lançar ao mesmo tempo que o filme norte-americano. Só que enquanto a produção de Scorcese seria estrelada por Robert de Niro, a brasileira teria Tony Ramos ou outro ator brasileiro como protagonista. Qual será que levaria mais gente às bilheterias de cinema?

Embora o Star System não exista mais como nasceu, atores e atrizes nos Estados Unidos são contratados não apenas por suas atuações, mas por seu potencial de mídia. Produções de Hollywood ganham uma verba de marketing que supera a maioria dos orçamentos de filmes do Brasil.

Parece injusto. E é.

Ao criticar a enxurrada de filmes de super-heróis, Scorcese age por preconceito. O que ele chama de “filmes narrativos” não podem ignorar produções como a última trilogia de Batman, de Christopher Nolan, ou Homem-Aranha 1 e Homem-Aranha 2, de Sam Raimi. E se o diretor acredita que todos os demais são “comerciais demais” poderia se perguntar se diretores de outras partes do mundo não sofrem mais do que ele para lançar um único filme.

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