Snow, Glass, Apples

Uma graphic novel para o desafio literário Popoca de outubro/2021

Para o Desafio Literário Popoca de outubro, com o tema contos de fadas, resolvi pegar um autor que adoro, mas que faz um certo tempo que não leio, Neil Gaiman. Dessa vez, escolhi uma graphic novel lançada em 2019, Snow, Glass, Apples, que ainda não foi traduzida para o português, e que é baseada num conto do autor publicado em 1994.

SPOILER FREE

Para a graphic novel, Gaiman se juntou à ilustradora Colleen Doran, com quem ele já havia trabalhado em Sandman e na adaptação de Deuses Americanos para quadrinhos, e que tem um histórico extenso de trabalhos com a Marvel e a DC. Com Snow, Glass, Apples eles ainda ganharam o prêmio Eisner de melhor adaptação, o Bram Stoker Superior Achievement in a Graphic Novel e o Ringo Award for Best Graphic Novel. E as razões deles terem ganhado os prêmios são bem visíveis.

Não só temos uma excelente releitura da Branca de Neve, no estilo sombrio de Neil Gaiman, com um jeito até mais adulto do que eu esperava para uma versão de um conto de fadas, mas Colleen fez um trabalho gráfico absolutamente brilhante. As ilustrações são de uma beleza ímpar, com uma pesquisa sobre o ilustrador irlandês Harry Clarke, que tem um estilo tipo Art Nouveau, o que deu à graphic novel um ar meio antigo que combinou muito bem com a narrativa.

Em Snow, Glass, Apples, Gaiman traz uma inversão de papeis para Branca de Neve, o que em 1994 não era comum, com um quê de sobrenatural. E a forma como ele vilaniza a protagonista é original, mas de uma forma que depois que você enxerga com os olhos dele, não tem mais como desver. Nunca mais vou conseguir olhar para Branca de Neve do mesmo jeito. E apesar da violência e das questões sexuais do enredo, Colleen conseguiu criar uma estética que valoriza o conjunto do enredo, ao invés de fazer um show de horrores, e mesmo assim o resultado não é infantil, o que me parece que era uma preocupação bastante justificada. Definitivamente o livro não é para crianças.

O resultado final é uma leitura belíssima, dinâmica e que deixa com um gostinho de quero mais, justamente porque ela é curtinha. Nem sempre curto as adaptações dos textos de Gaiman, porque muitas me parecem caça-níquel, mas Snow, Glass, Apples é tão bem feito que definitivamente é uma obra à parte e que se sustenta sozinha.

Nota 10.

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