‘Resistência’ é um sci-fi só por fora

'The Creator' tem elementos de um filmaço do gênero, mas é mais melodrama do que qualquer outra coisa

Não é a toa que Resistência (no original, The Creator, um nome bem mais adequado) tem duas indicações ao Oscar: Melhores Efeitos Visuais e Melhor Som. Ou seja, categorias mais “técnicas” e sem nenhuma menção em roteiro, filme ou direção, indicações que, tradicionalmente, premiam criatividade ou uma boa história. Isso parece razoável porque o diretor Gareth Edwards produziu algo que parece e soa como ficção científica, mas se leva mais a sério como melodrama.

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Em guerra entre humanos e inteligência artificial, Joshua (John David Washington) é recrutado para localizar e matar Nimata, um arquiteto responsável por desenvolver uma arma baseada em IA capaz de acabar com o confronto e com toda a humanidade. Com as máquinas vencendo.

O diretor Gareth Edwards (Rogue One) entrega uma produção esteticamente incrivel, mas falta conteudo. A impressão que Resistência nos dá em muitos momentos é que não entende muito bem o que seria uma Inteligência Artificial na conjuntura que sua própria história conta. Fica complicado de entender porque o tempo todo o espectador e a sociedade deve olhar para andróides como seres com alma ou consciência sem que o diretor explique visualmente como isso se deu ou os tornou diferentes. Carl Sagan provou que discutir se um autômato consciente merece a mesma consideração de um ser humano ou deve ser visto como uma torradeira é um plot dramático. Mas o filme falha em fazer sua parte.

Com tanta expectativa criada, Resistência tenta fugir do dogma de filme pretensioso apelando para o melodrama. Uma história de amor que evoca Romeu & Julieta somada a uma criança fofinha. Tem quem caia. E quem levante da cadeira do cinema meio frustrado.

Nota: 5

Confira o trailer de Resistência:

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