Raya e o Último Dragão: Encantamento muito além da magia

Disney mais uma vez acerta na criação de uma princesa heroica

A mais nova animação da Disney tem muitos motivos para fazer história. Não só por trazer um enredo rico e envolvente em um universo inspirado no folclore do sudeste asiático. Mas também por ser o primeiro filme com lançamento digital e nos cinemas simultaneamente. Sim, a estreia de Raya e o Último Dragão, que foi adiada de novembro de 2020 para março de 2021 por causa da pandemia de Covid-19, chegou aos cinemas e no Disney+ por uma taxa extra através do Premier Access ao mesmo tempo. E desde 23 de abril está liberado para todos os assinantes.

++ Agência Secreta de Controle de Magias: Repaginando João e Maria

Houve um tempo em que o povo de Kumandra era um só. Mas depois de uma praga devastadora e da extinção dos dragões, a população se divide em cinco tribos. Elas passaram a disputar a Joia do Dragão, último resquício de magia existente. Assim foi por quinhentos anos, quando a jovem Raya (Kelly Marie Tran) está sendo treinada por seu pai Benja (Daniel Dae Kim) para proteger a relíquia. Então a inocência e inexperiência da garota a levam a um ato que põe fim a anos de relativa paz. Além da volta da praga. E Raya passa a crescer sozinha enquanto busca por Sisu (Awkwafina), o lendário último dragão.

É impressionante como o filme se encaixa perfeitamente com o momento em que vivemos. Claro que temas como preconceito, xenofobia, individualismo e desconfiança já seriam bem pertinentes mesmo que não estivéssemos vivendo uma pandemia. Pois esses assuntos já vinham se tornando frequentes nos jornais há um bom tempo. Mas o fato trama trazer uma praga que levou famílias, deixando pessoas completamente sozinhas e desamparadas, leva tudo a outro nível. Nem parece que o filme começou a ser produzido em 2018.

Raya e o Último Dragão: A jovem Raya com o pai, ao concluir o treinamento para proteção da Joia do Dragão

Mas acalmem-se, pois o filme não fala só de coisas ruins. Com boas doses de humor e ação, Raya e o Último Dragão traz esperança. Estar outra vez com as pessoas que amamos, o desejo de confiar no próximo sem medo, podermos ser outra vez um só povo. A produção representa com maestria esses sonhos que às vezes parecem impossíveis, mas que precisam ser mantidos. E o faz de forma que até o mais cínico é capaz de ficar com os olhos brilhando.

Outro grande acerto foi fazer de Raya uma heroína basicamente humana. Ela não vai atrás de Sisu movida por um ato de coragem, ou por uma crença ingênua. Mas porque é só o que lhe resta. Sua desconfiança e persistência fazem dela uma personagem bastante verossímil. Assim como todos os outros, que tiveram personalidades muito bem construídas.

A qualidade da animação é espetacular. Desde a agilidade que marca as cenas de ação até a sutileza de pequenos gestos. E por ser inspirado em contos e lendas de países como Tailândia, Vietnã, Camboja, Mianmar, Malásia, Indonésia, Filipinas e Laos, a equipe de animadores viajou para boa parte desses países para realizar pesquisas. O que fez toda a diferença na concepção das belas paisagens, construções, figurinos e gestos que vemos no filme Além, é claro, do fato de que boa parte dos roteiristas, animadores e elenco serem ou terem descendência asiática. Inclusão, a gente vê por aqui.

Escrito por Qui Nguyen e Adele Lim, dirigido por Don Hall e Carlos López Estrada e codirigido por Paul Briggs e John Ripa, Raya e o Último Dragão traz emoções inexplicáveis. Deixa os adultos esperançosos e as crianças inspiradas. Em outras palavras, é imperdível.

Nota: 10

Confira o trailer:

 

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