Pink (FINALMENTE!) estreia no Brasil #RockInRio

20 anos de carreira e ela nunca tinha feito uma apresentação sequer em terras brasileiras. Os fãs, que torciam e esperavam desesperadamente por ela desde o início dos anos 2000, quando ela surgiu na indústria fonográfica como uma espécie de “alternativa” ao modelo clássico de estrela pop vigente na época representado por Jessica Simpson, Christina Aguilera e principalmente, Britney Spears, foram finalmente presenteados com um show dela, que estreou aqui em grande estilo. Logo num dos maiores festivais de música do mundo, com repercussão a nível global; o Rock in Rio.

Alecia Beth Moore, que ficou conhecida mundialmente como Pink, não fez apenas um show no Rio de Janeiro. A cantora americana de 40 anos, que carrega três grammys nas costas, fez um grande espetáculo com uma superprodução repleta de efeitos especiais, inúmeras trocas de figurino (um mais lindo que o outro), acrobacias aéreas, encenações artísticas com dançarinos vestidos a caráter, coreografias circenses, fogos de artifício, vídeos motivacionais sobre aceitação da própria identidade e tirolesa sobre o público do festival. Tudo isso sem perder o fôlego pra cantar ao vivo, contando apenas com o apoio de suas backing vocals.

Numa indústria onde sempre se cobrou de mulheres a beleza padrão, o corpo perfeito e uma postura mais doce, feminina e submissa, a Pink surgiu como afronta a toda essa imposição. Ela se recusava a fingir ser perfeita como tanto a mídia quanto o mercado exigiam dela. Não queria ser comparada com ninguém, apenas ser ela mesma e passar uma mensagem que realmente a representasse.

Com um visual mais punk alternativo, uma personalidade tida como mais masculina e agressiva, um pop com uma mais pegada mais rock, letras sobre amor próprio a partir da autoaceitação e um timbre mais rouco, conquistou o coração de vários adolescentes que se sentiam inadequados e rejeitados numa época onde encontravam pouca representatividade dentro da música pop.

O tempo passou, os fãs cresceram e evoluíram junto com ela, mas a mensagem e o poder de sua música continua o mesmo só que de uma forma mais madura. Isso fica claro no show de encerramento no palco mundo, no sábado, 5 de outubro de 2019. Em meio a todo esse espetáculo teatral circense que marca parte da Beautiful Trauma tour, que já passou pela América do Norte, Nova Zelândia, Europa e Austrália, a cantora também aproveitou para levantar a bandeira LGBTQ (literalmente), apoiar a diversidade de todos os tipos e é claro, reforçar a importância do empoderamento feminino como já faz desde o começo de sua trajetória na música e como ficou conhecida.

Teve pedido de casamento gay com benção da própria Pink, momento no qual a cantora cedeu seu microfone para que o casal de fãs realizasse o sonho de oficializar a união diante de todo o público do Rock in Rio. Entrega de presentes, sendo um deles uma camisa com a imagem da cantora e seus dois filhos. E um diálogo super fofo gravado entre a cantora e sua filha Willow sobre ser o quiser sem se preocupar com a ditadura da beleza e comportamento.

O setlist misturou sucessos antigos de sua carreira como Get The Party Started, Just Like a Pill, Who Knew, Blow Me One Last Kiss, Raise Your Glass e hits recentes como Walk Me Home, What About Us e Secrets. Foi uma viagem desde seu segundo álbum de estúdio lançado em 2001, Missundaztood, passando por I´m Not Dead de 2006, Funhouse de 2008, The true About Love de 2012, até seus últimos trabalhos Beautiful Trauma (2017) e Hurts 2B Human lançado esse ano. Ainda sobrou tempo para tocar Just Like Fire, trilha sonora de Alice Através do Espelho, e fazer cover de We Are The Champions do Queen em homenagem a toda essa mensagem de superação que tanto a cantora quanto seus fãs tanto pregam.

Deu para agradar dos mais nostálgicos que acompanham a carreira da americana desde sua estreia no pop até os que só conhecem seus atuais sucessos que estão em voga e tocam na rádio e novela da globo. Só ficou faltando Sober e Stupid Girls, dois hits que marcaram toda uma geração, e os mais recentes, Whatever You Want do antecessor Beautiful Trauma, e a parceria com o cantor também americano, Khalid, Hurts 2B Human, que leva o nome do último álbum da Pink.

Desde sua entrada pendurada num lustre todo rosa e cercada por seus bailarinos também todos vestidos de rosa (homens e mulheres, afinal, quem disse que meninos vestem azul e só meninas vestem rosa?), até sua despedida igualmente icônica, sobrevoando pela multidão que graças a isso pôde vê-la de perto, uma coisa ficou clara: Ela pode ter demorado 20 anos pra vir ao nosso país, mas compensou todo esse tempo de espera com um espetáculo musical (porque chamar só de show é eufemismo) que com certeza vai ficar marcado pra sempre na memória dos fãs e até de quem só a conhecia superficialmente.

E que venha de novo pro Brasil, só que dessa vez em menos de 20 anos! Por favor, né?!

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