Friday the 13th sign against a stormy background with lightning and copy space. Dirty and angled sign adds to the drama.

Percorrendo mais uma sexta-feira 13

Sempre a lembrança do medo e do terror

Uma sexta-feira 13, quando pensada no contexto do cinema, coloca sempre a lembrança do medo e do terror, por conta da franquia clássica iniciada por Sean S. Cunningham em 1980. E isso fica ainda mais ressaltado num mês de outubro, que termina sempre com o Halloween.

Lembrando da minha trajetória de contribuição com o Popoca, o tema do horror certamente é o que se destaca, entre textos que analisam cinema, televisão e, em menor número, literatura. Meu primeiro texto foi um breve comentário sobre o belo filme biográfico sobre Mary Shelley, famosa criadora do monstro de Frankenstein. O texto, inclusive, seguindo a reflexão proposta pelo próprio filme, procura relacionar a vida de sofrimento e a crise de identidade da jovem escritora com as características e contradições que deu à sua criatura mais famosa.

Minha segunda contribuição ao Popoca foi uma reflexão sobre o conservadorismo presente nos filmes de horror, fossem os clássicos, fossem os mais recentes. Procurei mostrar no texto como se processam discursos de conservação da família ou da contenção dos impulsos sexuais ou de uso de drogas. E como os erros cometidos pelo jovens podem levar a sua morte. O tema voltou a ser tratado, pouco depois, ao analisar especificamente um filme recente, o Corrente do mal.

Outra expressão do conservadorismo no cinema de horror foi discutida em texto, do qual gosto muito, mostrando como historicamente o gênero abre pouco espaço para diretoras mulheres. O tema das mulheres em relação ao horror também foi trabalhado em texto sobre o livro e os filmes deles adaptados baseados na figura da controversa figura da vampira Carmilla.

Minha terceira contribuição ao Popoca foi um texto sobre o meu filme favorito, Suspiria, dirigido por Dario Argento. Em uma época na qual o cinema de horror produzido nos Estados Unidos defendia a família e a contenção da sexualidade, o italiano Argento colocava em cena mulheres autônomas a enfrentar seus medos. Cheguei a escrever um comentário sobre o remake de Suspiria, mas mostrando que, apesar de algumas coisas interessantes no filme, não se aproximava em qualidade da obra original.

Por fim, entre outros tantos temas e criadores que comentei, cabe destacar o material que escrevi sobre meu escritor favorito, o britânico Clive Barker. Um dos textos que escrevi foi sobre um dos filmes que dirigiu, baseado em romance de sua própria autoria, Midian, que se mostrou um poderoso discurso contra o racismo e o genocídio como arma política. Também não passou despercebido Candyman, outra ode contra o racismo, desta vez ligando o passado escravista dos Estados Unidos à opressão econômica e ao preconceito contra as populações negras. E, por fim, não poderia ter passado despercebida a nova adaptação de Hellraiser, em um brilhante trabalho de reiniciar a mitologia original da novela escrita por Barker e destruída por uma sequência de adaptações péssima.

Esse é um universo dentro do qual tenho transitado, seja aqui no Popoca, seja na minha vida pessoal, enfrentando os medos do cotidiano e tentando olhar para um mundo com alguma esperança de futuro. Que a sexta-feira 13 não seja para temer, mas para enfrentar fantasmas metafóricos e nos construirmos como heróis de nossa própria jornada.

Arquivos

Leia Mais
Novo roteirista de ‘Blade’ fala sobre filme