‘O Golem do Brooklyn’ faz rir em meio ao debate sobre antisemitismo

'The Golem of Brooklyn' traz o judaismo para o centro da discussão do perdão

No meio de mais um conflito entre Israel e o Hamas, li O Golem do Brooklyn (tradução livre para The Golem of Brooklyn, no original em inglês) esperando encontrar apenas mais uma boa historia. Porém, a sensibilidade do escritor Adam Mansbach (Barry) torna todo romance uma divertidissima tragicomedia sobre o ser judeu e os tempos em que vivemos com um dos mais conhecidos mitos judaicos: o golem.

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Len Bronstein é um judeu mas não tem nada de rabino. Ele é apenas um professor de arte do Brooklyn que rouba uma grande quantidade de argila de sua escola todos os dias com o objetivo de… Criar um golem! Finalmente, ele faz um ritual depois de ficar extremamente chapado e consegue dar vida à sua criação, apesar de saber pouco sobre o judaísmo e menos ainda sobre golems. Incapaz de se comunicar com seu convidado de quase dois metros e meio e quatrocentos quilos, que fala iídiche, Len convoca uma balconista de bodega e ex-hasid chamada Miri Apfelbaum para traduzir.

Eventualmente, o Golem aprende inglês assistindo Curb Your Enthusiasm depois de ingerir uma grande quantidade de LSD e revela que ele é uma criatura com uma memória ancestral; ele relembra cada encarnação anterior de si mesmo, fazendo dele um repositório da história e do trauma judaico. Ele exige saber que crise motivou a sua recriação e quem deve destruir. Quando Miri lhe mostra um vídeo de nacionalistas brancos marchando e gritando “Os judeus não nos substituirão”, a resposta torna-se clara.

Sem nenhum panfletarismo, O Golem do Brooklyn traz um pensamento sionista não somente da autodefesa mas questiona também o desejo de revanchismo de um povo perseguido pelos séculos. Tudo isso sem pesar a mão no drama, sempre mantendo humor e diversão andando juntos em um conto gentil e inteligente. Mansbach traz poucas respostas mas no lugar oferece perguntas gentis para o espectador se perguntar ou se questionar. Chama a atenção a delicadeza do escritor em nenhum momento cair na tentação de tirar do leitor a abstração que seu livro oferece em um resumo de entretenimento cheio de reflexão.

Nota: 10

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