Minissérie ‘Queen Charlotte’ levanta moral da franquia

Depois da cansativa 2ª temporada de Bridgerton, spin off restaura frescor da trama.

Desde a estreia de Bridgerton na Netflix em dezembro de 2020 pudemos constatar que a Rainha Charlotte (Golda Rosheuvel) foi um grande acréscimo em relação ao material original, os livros de Julia Quinn. Aqui no Popoca chegamos a fazer um post sobre a verdadeira Rainha Charlotte. E ainda em maio de 2021 a Netflix e a ShondaLand anunciaram o spin off da personagem.

Com seis episódios que chegaram ao streaming no último dia 4, a minissérie Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton (Queen Charlotte: A Bridgerton Story) mescla a função de prequel com temporada 2.5. Cenas contemporâneas à série mãe se mesclam com cenas da juventude da rainha, quando chegou a Londres em 1761 para se casar com o Rei George III (Corey Mylchreest).

É bem verdade que a produção tomou o cuidado de iniciar com uma mensagem na voz de Lady Whistledown (Julie Andrews) dizendo que “não é uma aula de história, é ficção inspirada em fatos”. E como vários já fizeram posts listando o que é real e o que é liberdade poética, vou me ater em comentar a série.

A jovem rainha Charlotte (India Amarteifio) é a volta do universo de Bridgerton ao Netflix
A jovem rainha Charlotte (India Amarteifio) é a volta do universo de Bridgerton ao Netflix

A atriz India Amarteifio foi uma bela escolha para interpretar a jovem Charlotte. Ela não só assimilou perfeitamente os trejeitos e expressões de Rosheuvel como entregou o misto de rebeldia e inocência que a personagem de 17 exigia. Teve uma impecável química com Mylchreest, bem como a parceria com a jovem Agatha Danbury (Arsema Thomas) e até o jovem Brimsley (Sam Clemmett).

Apesar de ficar um tanto dividida com produções do gênero, uma vez que tendem a romantizar a monarquia e períodos da história com ainda mais desigualdade que hoje, tive que dar o braço a torcer. Mesmo suavizando, Queen Charlotte deu mais ênfase às diferenças raciais e sociais do que Bridgerton. Mostrando aquilo que Lady Danbury (Adjoa Andoh) disse à Simon (Regé-Jean Page) na 1ª temporada, de que o casamento real abriu portas para eles. Pois “o amor, […], conquista a todos”.

Lembrando sempre que a franquia Bridgerton é uma obra de ficção, e que fatos históricos foram adaptados para justificar o universo mais igualitário da série. O qual desejamos alcançar um dia. Porém, ficaram alfinetadas nas entrelinhas. Não só com a Princesa Augusta (Michelle Fairley) pedindo que Charlotte fosse retratada com a pele bem clara, mas também com o romance escondido entre Brimsley e Reynolds (Freddie Dennis), o secretário do rei.

Vale lembrar que a homossexualidade era criminalizada na Inglaterra até 1967, o que parece não ter mudado no universo Bridgerton. Isso é mostrado de relance na 1ª temporada, com personagens LGBTQ+ que precisam manter casamentos heterossexuais de fachada. Mas Brismley e Reynolds são o primeiro casal LGBTQ+ da franquia que conhecemos e torcemos de verdade. E o fato de que muitas vezes os dois colocavam suas lealdades à rainha e ao rei acima de seu relacionamento, sendo que os monarcas sequer perguntavam se estavam bem mostra um pouco do egoísmo de quem nasce em berço de ouro..

Quanto às cenas de Queen Charlotte contemporâneas à Bridgerton, vemos a Rainha pressionando seus filhos por um herdeiro real enquanto Lady Danbury e Violet (Ruth Gemmell) se aproximam. Os diálogos sobre amor e sexualidade na maturidade, junto com descobertas do passado foram muito bonitas. Mas tendo em mente que essas cenas se passam em 1817 e que a Rainha Charlotte faleceu em 1818, é possível que vejamos seu funeral na próxima temporada.

Queen Charlotte: A Bridgerton Story foi criada por Shonda Rhimes, que escreveu os roteiros junto com Nicholas Nardini. A direção é de Tom Verica. A produção se encontra em 1º lugar no Top 10 de séries da Netflix, o que é um bom sinal depois das críticas da 2ª temporada de Bridgerton. Vamos ver em qual patamar a 3ª temporada se encaixará.

Nota: 8

Confira o trailer:

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