‘Frangoelho e o Hamster das Trevas’ é uma fofa aventura

Ação e fofura podem sim andar juntas.

Às vezes um nome aparentemente bobo pode nos fazer torcer o nariz para um filme. Foi o que aconteceu com Frangoelho e o Hamster das Trevas (Hopper et le Hamster des Ténèbres), coprodução francesa/belga que chegou à Netflix. Mas vendo que quase uma semana após a estreia a animação permanecia no 1º lugar do Top 10 de filmes da plataforma resolvi conferir. E só me arrependi de não ter visto antes.

Frangoelho (Jordan Tartakow) é um curioso híbrido de coelho e frango. Ele não sabe sua origem, já que foi adotado ainda bebê. Mas sabe que quer ser um aventureiro. E quando seu tio está prestes a encontrar o lendário artefato do Hamster das Trevas e com ele usurpar o trono de seu pai, Frangoelho vê a oportunidade de viver uma grande aventura e provar que não é apenas um esquisito.

Inspirada nas graphic novels Chickenhare de Chris Grine (não publicadas no Brasil), a animação traz um enredo um tanto irreverente. Trazendo mensagens sobre aceitação, um velho tema que nunca fica batido, Frangoelho e o Hamster das Trevas consegue aliar aventura e humor com doses de emoção sem se tornar piegas. Dá pra sentir aquele nózinho no peito quando o pequeno Frangoelho ouve as risadas de escárnio e tenta esconder seus pés de frango com botas que imitam pés de coelho, já que todos sofremos bullying e algum momento. Mas o tom geral do filme é de bom humor.

A peculiaridade também fica por conta dos companheiros do protagonista: A tartaruga Abe (Joey Lotsko), seu preceptor, e a gambá Meg (Laila Berzins), a guia. Além de serem animais pouco usados em animações recentes e subverter um pouco o contexto das fábulas de Esopo, os personagens possuem personalidades contrastantes. Frangoelho é corajoso e perspicaz, mas tem vergonha de ser o que é. Abe é pessimista e cínico, mas extremamente leal. E Meg é otimista e valente, e, além de ser a única personagem feminina, é aquela que traz as grandes lições de aceitação.

Toda grande aventura precisa de um grande vilão, e Lapin (Danny Fehsenfeld) faz Scar de O Rei Leão parecer um tio querido. Claro que ele não faz nada muito extremo, afinal estamos falando de um filme para a família. Mas essa trama de problemas familiares casou bem com a vibe de aventura, tornando a história interessante e divertida para adultos também.

Com roteiro de David Collard e direção de Ben Stassen e Benjamin Mousquet, Frangoelho e o Hamster das Trevas consegue colocar personagens de aspecto fofo em uma aventura estilo Indiana Jones sem parecer forçado. (Note que até o figurino do protagonista lembra o do personagem de Harrison Ford.) Com uma excelente estética e um enredo sagaz que compõem um ótimo entretenimento familiar. Tem pequeninas falhas de roteiro, mas nada que chegue a incomodar. E não será nada ruim se vierem sequências.

Nota: 8

Confira o trailer:

Arquivos

Leia Mais
‘Tartarugas Ninja: Caos Mutante’ terá Léo Santana como vilão