Democracia em Vertigem é documento sobre ruptura do Brasil

Petra Costa é uma documentarista de estilo sensível e lírico. Chamou bastante atenção com seu precioso Elena em que contava a história de sua irmã e suas próprias impressões sobre o luto e morte. Democracia em Vertigem é um desafio de exposição para a diretora e sua forma de contar histórias. Ao mesmo tempo que expressa sua jornada interior como brasileira de um país que vê a própria democracia derreter, precisa fazer o espectador entender a que ponto chegamos. E como chegamos até aqui.

O filme parte do Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo, no momento da prisão de Luiz Bernardo Inácio Lula da Silva, em um processo que agora sabemos foi ilegítimo e corrompido, como início de sua história. Mas não da vertigem nacional. A câmera de Petra é mais uma showoman que professora, partindo do ponto de vista pessoal para explicar como o Brasil saiu de uma potência nacional respeitada para uma República Instável e regida por um amante do autoritarismo e defensor da tortura e morte. Embora muitas vezes o filme seja didático, retoma seu viés poético e sensível. A que ponto chegamos?

Democracia em Vertigem não é o documentário definitivo sobre o processo que o Brasil vive. Mesmo porque ainda não parece ter acabado. É uma produção que se estabelece como cinema e documento, colocando os pingos nos is e explicando como os principais líderes da Nação erraram e deixaram o país do futuro voltar a parecer uma república de bananas.

A coragem da diretora em se expor, ora em tom de lamento, ora em tom de autocrítica, é um convite a todos nós. Sendo ou não contra impeachment, Bolsonaro, Partido dos Trabalhadores, ou tudo que veio e vem por aí, Democracia em Vertigem se mostra como uma chance de cada um conhecer um pouco mais do Brasil.

É necessário vê-lo, lembrá-lo e reverenciá-lo. Antes que voltemos a ser uma nação com mais convocações do que convites.

Nota: 8

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