He-Man Vs. She-Ra: uma comparação incomparável

Como dois estilos bem diferentes podem ser bem sucedidos

Nos anos 80, He-Man e os Mestres do Universo (também conhecido pela sigla MOTU – Masters of the Universe – em inglês) e She-Ra: A princesa do Poder foram desenhos animados produzidos pela Filmation sobre a linha de brinquedos criada pela Mattel. Hoje viraram outra coisa, mas… Vamos lembrar o que foi cada um?

He-Man e os anos 80

Primeiro vieram as aventuras do He-man. Seu estrondoso sucesso entre o publico masculino fez com que a Mattel criasse uma linha voltada para as meninas e assim criou a She-Ra. No desenho original, as aventuras de He-man acontecem em Etérnia, e o herói atravessa um portal dimensional para o planeta Ethéria e levar a Espada da Proteção à pessoa escolhida. Lá ele descobre que a espada é ativada quando apontada para Adora, a capitã da guarda da Horda (exército que domina tiranicamente o planeta). Depois de muito vai e vem, eles descobrem que Adora estava sendo dominada hipinoticamente e que ela era na verdade irmã do príncipe Adam (tã, tã, tãããã!) e a Horda a havia sequestrado ainda criança.

Logo, assim como seus personagens principais, os desenhos e bonecos eram gemeos. Possuiam o mesmo estilo visual, aventuras, vilões e até compartilhavam algumas aventuras esporadicamente.

O remake de She-Ra (2018)

Em novembro de 2018 estreou She-Ra e As princesas do Poder. Distribuído pela Netflix, mas produzido pela Dream Works Animation (responsável por Voltron, Troll Hunters e outros), e capitaneado pela escritoa Noelle Stevenson. Ela é orginimalmente dos mundos dos quadrinhos e já havia havia se envolvida em outras produções de animação. É interessante notar também que ela nasceu em 1991, portanto não dá para dizer que ela cresceu enquanto She-Ra estava no auge do sucesso. Isso é relevante pois já mostra claramente a intenção da Mattel, da Netflix e da Dreamworks em reaizar um “remake” em todo seu sgnificado: realmente refizeram e reconstruíram o desenho quase do zero.

++ Leia também: Cinco Mistérios sobre She-Ra: A Princesa do Poder

No original, She-Ra é um spin-off de He-Man e Os Mestres do Universo. No remake, He-Man e Etérnia não são nem mencionados. Os elementos e personagens originais continuavam lá, mas a independência fez com que todo o Universo de She-Ra ganhasse profundidade e fosse melhor trabalhado. A propria diferença no título já mostra que outras Princesas do Poder ganharão protagonismo.

O remake tem 5 temporadas, 52 episódios e terminou em 2020.

Mestres do Universo: Salvando Etérnia

Em julho de 2021 temos a estréia do novo desenho de He-Man. Também pruduzido pela Netflix e Mattel, mas com a Powerhouse (responsável por Castlevania) fazendo a animação, a produção traz Kevin Smith capitaneando as novas aventuras de Adam, Teela, e companhia.

Smith nasceu em 1970 e é um nerd profissional. Fez sucesso nos anos 90 com filmes independentes, mas hoje possui diversos podcasts e acumula trabalhos como roteirista, diretor e produtor em diversos projetos por aí. A escolha de alguem mais velho que tem envolvimento com a cultura nerd/pop não é  por acaso: o objetivo da produção não era criar algo novo, e sim revitalizar o antigo. A série funciona como uma continuação do que aconteceu nos anos 80.

Até o momento foram lançados cinco episódios e mais cinco já estão terminando de serem produzidos. Há rumores sobre novas temporadas, mas nada foi confirmado ainda.

A inevitável (porém inútil) comparação de He-Man e She-Ra

Por conta de sua origem comum, e do fato da Mattel ser dona das personagens, inevitavelmente os Remakes/Reboots/Atualizações sofrem comparações (muitas bem descabidas). Mas, como já ficou claro pelas pessoas envolvidas em cada produção, os objetivos não poderiam ser mais diferentes. Vamos entender o porquê?

Quem é o público?

A nova She-Ra visou e atingiu um novo público. Crianças e adolescentes que provavelmente nunca viram os originais puderam conhecer o mundo de Ethéria como se fosse a primeira vez. Consequentemente, o desenho traz uma representatividade de genero, corpos, etnia e orientação sexual nunca antes vistos em um desenho para um público jóvem. Arqueiro tem dois pais. Duas princessas do Poder, Netossa e Spinerella, são casadas. Entrapta, outra Princesa do Poder com história riquíssima, está no espectro autista.

Nenhuma dessas representatividades são forçadas ou ficam com cara de “cota”. Todas fazem parte de forma organica do universo e das histórias e representam o que o publico jovem de hoje já ve cada vez mais divulgado e conversado nas redes sociais. She-Ra e as Princesas do Poder é um desenho para o mundo de hoje.

O novo He-Man, no entanto, não.

O público-alvo é o mesmo que assistiu o desenho nos anos 80. O esforço de diferenciar do original é inexistente; pelo contrário, ele se orgulha de ser o mais parecido possivel com o original, em todas suas qualidades e defeitos. Nas palavras de Kevin Smith: “É exatamente o que você assistiu, só que agora eles podem dar espadadas uns nos outros” (nos anos 80 o He-Man nunca usou a espada para acertar ninguém por conta das crianças).

 Desenhos diferentes, mesmas críticas

Ambas produções foram e estão sendo bem sucedidas. Mattel está vendendo bonecos, ambas são sucesso de críticas e as duas series atingiram seus públicos.

Maaaaaaaasssssss há sempre aquela minoria que gosta de chatear. Deixo claro aqui, que ninguém é obrigado a gostar de nenhum dos desenhos e nenhum deles é perfeito. Todavia, se é para reclamar, reclame como se estivesse no século XXI por favor. Em She-ra, reclamaram que a protagonista não estaria “bonita o suficiente” (digo bonita, mas as palavras que lí por aí eram outras); em He-Man reclamam que a Teela está “masculinizada”.

Teve gente que virou estilista e reclamou do corte de cabelo dela O.O .

Felizmente uma coisa é certa: mesmo com objetivos diferentes, cada produção aumentou a representatividade do seu jeito. Teela realmente ganhou mais espaço, mesmo com todo o plot sendo sobre Adam/He-Man e as consequencias das decisoes dele. Maligna também. As duas personagens inclusive tem um diálogo (que não passsa no teste Bechdel, pois estão conversando sobre seus respectivos relacionamentos) que basicamente mostram como as duas personagens sempre viveram à sombra de He-Man e Esqueleto.

O que vem por aí?

Espero que Netflix, Mattel, Powerhouse e Kevin Smith continuem focando na história que querem contar e ignorando comentários e reclamações descabidas. Estou curioso com como vão continuar a série e quais ideias poderiam estar a caminho considerando a possibilidade de existirem novas temporadas. Acompanhem a gente por aqui para falar mais a respeito.

Por enquanto, fique com o trailer da primeira temporada de Mestres do Universo: Salvando Etérnia:

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