‘Árvores da Paz’ é sobre a força feminina

Quatro mulheres distintas lutam pela sobrevivência em novo filme da Netflix.

Disponível na Netflix, Árvores da Paz (Trees of Peace), primeiro longa escrito e dirigido por Alanna Brown. Baseado em fatos reais, o filme traz um enredo simples porém impactante. Em que tanto importa o fundo histórico quanto a trama de suas personagens.

Durante o genocídio de Ruanda em 1994, quatro mulheres se esconderam em um pequeno porão por 81 dias. Annick (Eliane Umuhire) estava grávida e divide o claustrofóbico espaço de sua casa com a freira Jeanette (Charmaine Bingwa), a raivosa Mutesi (Bola Koleosho) e a americana Peyton (Ella Cannon). Nesse período, elas descobrem que, se quisessem sobreviver, deveriam deixar seus preconceitos para trás.

É bom reforçar que as personagens e a história retratadas no filme não são reais, apenas seu contexto histórico. O genocídio de Ruanda durou 100 dias, nos quais mais de 1 milhão de pessoas foram brutalmente assassinadas. O confronto liderado por hutus extremistas e milícias começou no dia seguinte ao assassinato do presidente Juvénal Habyarymana, e perseguia os tutsi e hutus moderados.

O que levou Alanna Brown a fazer Árvores da Paz foi uma entrevista que ela realizou com o fundador de uma organização em prol da reabilitação de mulheres sobreviventes de Ruanda. Cativada pelas histórias de provação, ela acabou criando essa narrativa em que quatro mulheres de diferentes origens e crenças precisam sobreviver juntas em um minúsculo cômodo.

Para além das viabilidades orçamentais do formato, está o fato de apresentar com eficiência aquilo que Brown queria. Como qualquer ser humano, suas personagens possuem medos e preconceitos. Preconceitos estes que por mais de uma vez colocam a sobrevivência delas em risco. Mas com o tempo percebem que não são uma melhor que a outra, e descobrem em suas dores a força para se apoiarem. O que nos leva a questionar se nesse tempo regido pelo ódio em que vivemos seremos capazes disso.

Outro ponto que inspirou a cineasta, e que deve nos inspirar também, é que em sua reconstrução Ruanda passou a ter maior representatividade feminina. A participação das mulheres no governo é a maior do mundo, indo de 18% para 56%. Indicie que países ditos “mais avançados” estão longe de alcançar.

Árvores da Paz fez sua estreia no Santa Barbara Film Festival em 2021, e no mesmo ano foi exibido no American Black Film Festival. E foi nesse festival que ganhou vários prêmios, como o Prêmio John Singleton de Melhor Primeiro Longa-metragem. É bom ver que o filme obteve reconhecimento, e espero que toque o coração de todos que assistirem.

Nota: 9

Confira o trailer:

 

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