A morte te dá parabéns: quando a repetição perde a força

Estreou nos cinemas a continuação do filme A morte te dá parabéns, onde Tree, uma jovem estudante, vê o mesmo dia se repetindo várias e várias vezes, revivendo seus dramas cotidianos e repensando muitas de suas ações ao longo da vida. O dia é do seu aniversário e de sua mãe, morta um tempo ates por um perigoso assassino serial. Esse dia acabava sempre com o assassinato de Tree por uma misteriosa figura mascarada, cuja identidade é descoberta no final do filme.

Nesta sequência, mesmo depois de ter conseguido se libertar do ciclo de repetição, Tree acaba voltando ao misterioso dia devido a um acidente provocado por um amigo. Contudo, agora não se trata da mera repetição daquele dia do primeiro filme, afinal há algumas coisas diferentes, como o fato de sua mãe estar viva ou o fato de Tree não ter o caso amoroso com um de seus professores que antes havia motivado o seu assassinato. Inclusive, se no primeiro filme era bastante óbvia a identidade da misteriosa figura que assassinava Tree, agora na continuação logo fica bastante claro todo o mistério.

Novamente Tree passa por todo um processo de descobertas e definições em sua vida, a começar pela oportunidade de permanecer em uma realidade onde sua mãe está viva, mas Carter, seu namorado, está com outra pessoa. Mesmo com Lori, sua colega de quarto, agora Tree tem chance de se reconectar, inclusive salvando sua vida em dado momento das intermináveis repetições daquele dia. Contudo, para Tree fica o drama de, depois de cada morte, as outras pessoas terem esquecido aqueles momentos, além de sempre retornar mais fraca.

O roteiro faz uma opção conservadora ao repetir muito da história da primeira parte, só ajustado detalhes para a nova realidade em que está Tree. Muitos dos aspectos de surpresa e criatividade que estavam presentes na primeira parte perdem força ao serem basicamente repetidos na continuação. Isso fica ainda mais frágil se pensarmos que a ideia do filme nem é tão original, tendo sido trabalhada em produções anteriores, como no filme Feitiço do tempo (1993), estrelado por Bill Murray.

Essa segunda parte de A morte te dá parabéns é bem dirigido, equilibrando o humor sarcástico do primeiro filme com algumas boas sequências de suspense, ainda que aposte muito mais na jornada sentimental de Tree. O roteiro tem bastante furos e partes não muito bem explicadas, exigindo que o expectador evite procurar lógica em tudo. Jessica Rothe continua a entregar uma protagonista sarcasticamente mal-humorada e bem realizada, mas os demais membros do elenco deixam bastante a desejar.

No geral, o filme mostra-se um bom entretenimento, embora tenha perdido a vitalidade que tinha sua primeira parte. Para alguns momentos de diversão no cinema certamente é uma boa opção, mas do ponto de vista da qualidade será lembrado apenas como uma continuação cheia de defeitos de um outro bom filme.

Nota: 6

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