Caminho da Lua: Fantástico só no gênero

Quando cores e emoções não são o suficiente

Com o título original Over the Moon (algo como “Além da Lua”), a animação da Netflix é uma coprodução entre Estados Unidos e China. Num primeiro olhar parece ser um daqueles filmes atrativos apenas para crianças, mas traz alguns temas delicados de que todo adulto precisa ser lembrado. Porém, beleza estética e sensibilidade nem sempre bastam.

Fei Fei (Cathy Ang) é uma menina que cresceu ouvindo o mito de Chang’e (Phillpa Soo), a deusa da lua. Quatro anos após a morte da mãe, ela não aceita que seu pai se case novamente. Disposta a lembrá-lo dos sentimentos pela falecida esposa, a menina se empenha em construir um foguete e ir a procura de Chang’e. As coisas não saem como planejado, mas Fei Fei embarca numa grande aventura.

A Caminho da Lua é visualmente muito bonito e colorido. A trilha sonora de Steven Price (vencedor do Oscar por Gravidade), com composições de Christopher Curtis, Marjorie Duffield e Helen Park, é envolvente e dinâmica. Mas esses elementos não conseguem ajudar a sustentar uma trama que não se sustenta por si mesma.

A Caminho da Lua: Fei Fei (Cathy Ang) e sua coelhinha Pulinho

Alguns críticos apontam que o grande erro do filme foi não focar no mito em que se baseia, fazendo dele apenas uma subtrama. E remetem isso ao fato de roteirista e diretor serem brancos. Faz sentido. O roteiro é de Audrey Wells, falecida em 2018 após longa batalha contra o câncer. A ela se atribui a grande sensibilidade do filme. Direção e animação ficaram a cargo do premiado Glen Keane, que trabalhou na Disney por 40 anos e foi responsável por sucessos como Tarzan e Enrolados. A competência de ambos está totalmente fora de discussão, mas a questão cultural faz muita diferença. Não basta ter um elenco de origem asiática (com alguns nomes bem conhecidos como Sandra Oh, John Cho e Ken Jeong) para contar uma história com raízes orientais. A equipe técnica também precisa ser. Sigam o exemplo de Soul.

Pessoalmente, também tive alguns problemas com a protagonista. A reação de Fei Fei ao saber do novo relacionamento do pai soa condizente com sua idade. Porém, parece pouco verossímil que uma menina com conhecimento científico suficiente para construir um foguete (que decola!) acredite piamente na existência de uma deusa que vive na lua. Mas tudo bem, vamos abster.

Apesar de tudo, A Caminho da Lua não é um filme ruim. Se você tiver uma criança em casa, certamente será um bom entretenimento para vocês. Sim, assista junto. Pode ser um daqueles bons momentos de aproveitar um filme para explicar algumas delicadezas da vida para seu pequeno.

Nota: 8

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Confira o trailer:

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