25 anos depois… ‘Batman & Robin’ continua ruim como sempre

Maior erro da carreira de Joel Schumacher segue sendo um filme detestável com ou sem revisionismos

Em 1997, as salas de cinema do mundo recebiam Batman & Robin com George Clooney, um astro consolidado da TV, e as estrelas em ascensão Alicia Silverstone e Chris O’Donnel, cuja carreira não decolou após o filme. 25 anos depois de seu lançamento é fácil encontrar pedidos de desculpas do diretor Joel Schumacher sobre o filme, mas gente que se leva(va) a sério resolveu afirmar que esta é uma forma “engenhosa de se desenvolver o arco do Batman para além das sombras estagnadas de sua origem”. Seja lá o que isso significa.

Spoilers: não é. E dizer o contrário entra numa discussão que faz a gente esquecer o passado e não aprender com seus erros. Escrever que Batman & Robin é um bom filme trata-se de um revisionismo grosseiro e que ignora todos os aspectos históricos e técnicos que o fazem um filme ruim.

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O revisionismo histórico é, basicamente, uma “corrente que nega os princípios básicos relativos a uma verdade histórica”. Nos dias de hoje, sua prática é usada especialmente para desinformar e deseducar jovens e adultos de conceitos que já deveriam ser unanimidade. Nos dias de hoje, gerar audiência com revisionismos entra no mesmo celeiro das polêmicas vazias ainda que dê resultado como estratégia de um Marketing Content ruim, focado em trazer resultados nas páginas de busca do Google. É mais ódio que informação, mais raiva do que debate.

A dupla dinâmica enfrenta os vilões Mr. Freeze (Arnold Schwarzenegger) e Hera Venenosa (Uma Thurman). Neste filme, Batman (George Clooney) e Robin (O’Donnell) contam com uma nova companheira, a Batgirl (Silverstone) e uma trama sem lá muito sentido com altas confusões, cores e explosões. Lançado dois anos depois de Batman Eternamente, Batman & Robin seguia a ideia fixa de produtores em ser um filme menos sombrio do que os de Tim Burton. Mais do que isso, a ideia era uma produção com mais humor assim como aconteceu em Superman III que, vejam vocês, já era considerado o pior filme com o Homem de Aço nos cinemas. A ideia não é simplesmente desrespeitar os fãs. Filmes menos sombrios e com mais comédia falam com uma audiência maior e, teoricamente, miram uma bilheteria ainda mais estratosférica. A questão é que quando falamos de personagens com décadas de background, colocar o Homem-Morcego em um uniforme com mamilos ou puxando um bat-cartão de crédito (sim, isso acontece em Batman & Robin) não deixa o Cavaleiro das Trevas mais paulatável para quem não lê Histórias em Quadrinhos, ofende quem esperava ver o personagem dos gibis no cinema e acaba descaracterizando Bruce Wayne e seu alter ego.

São erros técnicos de figurino, roteiro e direção, elementos que consagram qualquer filme bom. E não simplesmente nerdices que fãs não querem aceitar.

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Se você duvida, procure mamilos em armaduras ou roupas nas produções de alto nível técnico como Duna ou The Northman. Ou, tente achar momentos de humor pastelão em filmes de personagens sombrios ou noir consagrados pela audiência e crítica como The Lady From Shangai, Gilda e Blade Runner. O próprio Homem-Morcego é um exemplo de sucesso em manter sua concepção em filmes como Batman Begins e The Batman, produções que elevam o gênero de super-herói para a categoria de produções quase autorais e que são obras de arte e entretenimento.

É perfeitamente possível querer uma história em que Batman busque lidar com a perda dos pais de uma forma menos sortuna, desde que seja boa. Neal Adams deu uma aula sobre isso em sua fase nos quadrinhos e nada disso incluiu cores extravagantes, uma história ruim e banalidade. Tudo respeitando a identidade e o significado do personagem, que são elementos diferentes de “chavões mais manjados”. Como uma famosa história do próprio detetive uniformizado já citou, há uma diferença enorme entre o ultrapassado e o clássico. Ou entre o “manjado” e o consagrado.

Fique com o trailer de Batman & Robin:

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