Pieces of a Woman parte de uma história que, provavelmente, você já ouviu na sua família ou com pessoas próximas: a crise que um aborto espontâneo gera. A bem-sucedida Martha Weiss (Vanessa Kirby, indicada ao Oscar) perde sua bebê durante um parto assistido em casa, pela doula Eva Wood (Molly Parker, do reboot de Perdidos no Espaço). Com isso, seu casamento com Sean Carson (Shia LaBeouf, de Transformers) entra em crise assim como sua vida pessoal e profissional.
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Assim como A Voz Suprema do Blues, outro lançamento da Netflix indicado ao Oscar, Pieces of a Woman é um veículo para sua estrela. Porém, o roteiro de Kata Wéber não dá oportunidades em diálogos mas em gestos e olhares em que cada atriz e ator precisam atrair o olhar da câmera para si. E Vanessa Kirby chama a responsabilidade, desde uma difícil cena de parto até momentos que refletem como a mulher que perde o bebê é negligenciada e pouco ouvida.
A direção de Kornél Mundruczó é precisa em ritmos e com pouca interferência de cortes. Em alguns momentos, temos a sensação de vernos um documentário sobre uma tragédia familiar na qual somos voyeurs. Esta percepção é importante porque o diretor em nenhum momento nos traz conforto. A história é o oposto disso, o que transforma Pieces of a Woman mais arte que entretenimento.
A própria cena inicial com uma realista cena de parto em casa indica isso. Este prelúdio poderia ser cortado sem prejuízos para o enredo, mas é necessário passarmos por aquilo para entender o que virá. Pode haver menos pele e sangue, mas há mais drama.
A academia talvez tenha falhado em não indicar ao Oscars Ellen Burstyn (O Exorcista). LaBeouf tem ótima atuação, mas é difícil esquecer que está envolvido em denúncias sérias sobre assédio e abuso. Ambos têm bom entrosamento com Vanessa e ajudam a transformar o filme em uma história difícil. Mas que precisa ser contada.
Nota: 8
Confira o trailer:
