Injustiçado, ‘O Conde’ vai além da fotografia

Indicado apenas a uma categoria, filme chileno merecia mais

O plot de O Conde (El Conde) é tão simples quanto empolgante: o ditador Augusto Pinochet (Jaime Vadell) não apenas está vivo como é um vampiro que vive séculos neste mundo. Mas o velho inimigo da humanidade parece cansado até que algo reavive sua fome por sangue e glória. Assim como a ganância de sua família.

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Para quem é latino, Pinochet não é bem uma figura desconhecida. O que chama atenção em O Conde é justamente como o roteiro do diretor Pablo Larraín e do escritor Guillermo Calderón o reapresenta com um viés de absurdo, seja pelo vampirismo na história ou pelos absurdos que a própria história chilena presenciou. A dupla joga bem com essa convergência entre realidade e ficção sem nunca soar panfletária ou didática. Especialmente quando a freira caça-vampiros Carmensita (Paula Luchsinger) entrevista os filhos do vampiro-ditador e revela como todos se beneficiaram de dinheiro desviado do Chile.

Alguns espectadores podem se incomodar com o tom de galhofa de O Conde, especialmente se amam o gênero do vampiro no cinema mas é bom entender que o compromisso de Larraín é com o absurdo e em retratar uma das épocas mais bárbaras do continente do que em celebrar uma jornada de vampiros. Tudo é metáfora sem nenhum limite como ditadores não costumam ter.

A fotografia em preto-e-branco de Edward Lachman foi devidamente homenageada pela Academia com uma indicação na categoria. Mas fica a sensação de que O Conde merecia mais atenção do que isto.

Nota:10

Confira o trailer de O Conde:

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