História de um Casamento
História de um Casamento

‘História de um Casamento’: sem vilões ou mocinhos

A finitude das coisas é dolorosa. Mas assim é a vida; se não aprendermos a lidar com o fato de que tudo passa, não conseguiremos vivê-la plenamente. Amar é ter a consciência da perenidade de tudo isso que vivemos aqui: planos que não se concretizam, sorrisos que se apagam, aquela pessoa que era sua cúmplice e amante em um momento, e no outro é alguém que cumprimentamos com um beijo protocolar no rosto.

História de um Casamento (Marriage Story) é a história de um relacionamento que não termina com uma explosão, nem tampouco com um suspiro. Mas que passará por toda uma trajetória dolorosa, culminando com uma disputa judicial que trará à tona toda a frustração de duas pessoas que não são mais capazes de se entender (a cena da DR entre os personagens de Adam Driver e Scarlett Johansson é sufocante e devastadoramente realista: me vi retratado em meus piores momentos de transtorno e desespero diante das possíveis ruínas de um relacionamento).

"História de um Casamento" é o o melhor filme dirigido e roteirizado por Noah Baumbach
“História de um Casamento” é o o melhor filme dirigido e roteirizado por Noah Baumbach

Não, não há vilões nem mocinhos aqui. Afinal, todo mundo já teve seus momentos de boylixo, embuste, chernocrush, sofreu ou cometeu ghosting, orbiting, breadcrumbing… Foi, enfim, filho da puta em algum relacionamento. Em “História de um Casamento”, há momentos que podem fazer uma pessoa chorar estatelada no chão, mas também há alívios cômicos e intermezzos musicais emocionantes: afinal, amor é feito de lágrimas e gargalhadas, gozos e insônias, egoísmos e altruísmos, sons e silêncios.

Temos, aqui, o melhor filme dirigido e roteirizado por Noah Baumbach. Com atuações impecáveis de Adam, Scarlett, Ray Liotta, Alan Alda e Laura Dern, é um filme triste, engraçado, arrebatador. Que, é bom alertar, deve ser consumido com moderação por quem ainda está amargando as feridas não-cicatrizadas de uma relação que terminou. Nestas horas, recorro a Joseph Campbell. Que, sobre a natureza da vida e do amor, disse: “O amor é o ponto de combustão da vida; como a vida é dolorosa, assim é o amor. O amor em si é dor, você poderia dizer, a dor de estar verdadeiramente vivo”.

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