Explicamos como a Netflix define cancelamento de séries

Audiência apenas não basta

Como o streaming é um negócio novo muitos fãs não tem compreendido o que se passa na cabeça de executivos da Netflix quando cancelam certas séries. O cancelamento de OA, por exemplo, ainda não foi muito digerida por fãs (e aqui no POPOCA temos dúvidas se a série acabou mesmo). Mas afinal de contas, qual o significado da duração de séries para a plataforma hoje e o que enxerga como mehor resultado para mante-la no ar?

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A Netflix opera com métricas diferentes de um canal de TV aberta ou por assinatura. Enquanto o primeiro precisa apenas do máximo de audiência para vender mais caro seu horário comercial, o segundo precisa de audiência para fazer valer a pena sua entrada em pacotes das empresas de assinatura. Se um canal por assinatura sai (ou não entra) da Sky ou da Net, por exemplo, isso joga sua audiência para baixo. Mesmo que ele transmita o conteúdo digitalmente, o mercado publicitário ainda não aceita este tipo de métrica para precificar valores. Mas então o que a Netflix pensa quando cancela séries com uma quantidade expressiva de fãs como Sense8 ou OA? Para entender isso, precisamos entender a definição de sucesso do streaming.

A audiência que uma série tem na Netflix e a quantidade de assinantes que gera são fatores imprescindíveis para a plataforma. Ninguém lá dentro quer um filme ou uma seriado que pouca gente assiste, mas no universo de centenas de produções isso se dilui um pouco. Da mesma forma, é raro alguém assinar a Netflix por conta de uma única produção, mas há uma métrica comum no Big Data Netflixiano: pessoas que voltam a assinar a plataforma porque sua série favorita voltou. Ou seja, reverter o churn ou índice de cancelamento, como este artigo explica melhor.

Podemos até chamar isso de “O Efeito Stranger Things”, que é a série que mais fez antigos usuários retornarem para o streaming. Não é difícil entender o motivo. Stranger Things tem uma enorme comunidade de fãs e sempre quebra a internet em suas novas temporadas. E é exclusiva da Netflix. Só na última temporada, um estudo de Cowen & Co, empresa de Wall Street, indicou que 13% de antigos usuários voltaram a plataforma para assistir a nova temporada. Ou seja, tão importante quanto reter assinantes é recuperar os que saíram. Afinal, se você já esteve na Netflix uma vez, é mais fácil retornar.

Stranger Things: série com personagens adolescentes fez assinantes que deixaram Netflix voltarem

É como você comprar uma camisa ou um tênis em uma loja e sempre ver publicidade daquele produto novamente. Você tem mais chances de comprar de novo do que alguém comprar pela primeira vez. Isso influencia até as decisões de novas produções. A empresa apostou na união dos criadores de Stranger Things  e The End of the F-ing World para produzirem I Am Not Okay With This, que tem uma temática semelhante: adolescentes, superpoderes, pitadas de filmes de horror. É a nova aposta de sucesso.

Daqui para a frente, são essas as produções que a Netflix pode apostar em mais do que três temporadas, que se tornou o tempo padrão para todas as outras. Ozark, por exemplo, conseguiu quatro mas O Método Kominsky acaba na terceira mesmo tendo tanta história para contar quanto Gracie & Frankie, que durou o dobro. Afinal, estas são as séries exclusivas do streaming que ainda compra um outro bocado de produções que podem ser veiculadas em outros canais. Mas o que for exclusivamente da Netflix deve mesmo ficar restrita a três, no máximo quatro, atos como a brasileira 3%.

A plataforma ainda pretende compartilhar esses dados com produtores de conteúdo, o que deve fazer isso se tornar uma prática de mercado. Vale lembrar que a Netflix já foi acusada de mudar suas métricas de audiência antes, mas isso é outra conversa…

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