‘Desencantada’ tem o título que merece

Dica: Melhor fingir que esse filme não existe.

No longínquo (mas nem tanto) ano de 2007 a Disney lançou Encantada (Enchanted), filme que simultaneamente homenageava e satirizava os clássicos do estúdio. O longa fez um grande sucesso, e por muitos anos os fãs (incluindo esta que vos escreve) questionaram se e quando haveria uma sequência. E quinze anos depois, quando Desencantada (Disenchated) foi enfim lançado no Disney+ em 18 de novembro foi a síntese da expressão “cuidado com o que deseja”.

Nessa fatídica continuação, Giselle (Amy Adams) sente que seu “felizes para sempre” não é assim tão feliz. Ela acha que uma mudança para o subúrbio trará a felicidade que tanto almejava. Assim se mudam para a pequena cidade de Monroeville, que não demora a mostrar seus próprios contratempos. Eis que surge a oportunidade de Giselle dar uma mexidinha na realidade, o que acaba mexendo com sua personalidade.

Se tivesse que escolher uma palavra para definir o filme, provavelmente seria “ridículo”. Desencantada mais parece uma fanfic ruim (com todo respeito aos criadores de fanfics) do que uma sequência propriamente dita. É como se tivessem pego tudo de bom que existe em Encantada e dito “ok, vamos fazer o total oposto agora”. Nem as músicas prestam, sendo que a única que se salva é Badder, dueto entre Adams e Maya Rudolph. Pelo menos cortaram uma música super-machista interpretada por Patrick Dempsey, embora tenha permanecido no álbum da trilha oficial.

Mas enfim, apesar da ideia central de uma princesa de conto de fadas frustrada com a vida familiar parecer interessante, o problema está na execução. Porque a verdade é que ninguém é feliz o tempo inteiro, o que não significa que a pessoa viva numa infelicidade crônica. E se a trama de Desencantada conseguisse mostrar isso da mesma forma que Encantada mostra que o amor não surge de uma hora para outra, seria ótimo. Mas o que fizeram? Colocaram Giselle desejando que o mundo real tivesse magia e se transformando em vilã no processo. Céus, isso nem faz sentido! Ela está claramente mostrando sinais de depressão pós-parto, não significa que ela seja uma madrasta má!

O resultado só não foi pior porque Amy Adams é uma atriz realmente espetacular. Seus olhares, sorrisos maliciosos e até o tom de voz adotado para interpretar as caricatas frases vilanescas são impagáveis. Sua atuação junto com um Pip (Griffin Newman) transformado em gato do mal e reproduzindo memes de gatos (“Me sinto superior a todas as criaturas!”) são o que impedem o filme de ser uma perda total.

Talvez devêssemos ter desconfiado logo que Desencantada não chegaria aos pés de Encantada, esde que foi anunciado que Bill Kelly e Kevin Lima não estariam no comando da sequência. Adam Shankman foi até um diretor competente, mas a história criada por Richard LaGravenese, David N. Weiss e J. David Stem e roteiro de Brigitte Hales deixaram muito a desejar.

Nota: 5

Confira o trailer:

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