Sabrina: O frustrante fim de uma grande série

Nenhuma visão poderia prever isso

E o grande sucesso da Netflix, que teve quatro temporadas em pouco mais de dois anos, chegou ao fim. Com sua última leva de episódios lançada no último dia de 2020, Chilling Adventures of Sabrina trouxe um desfecho agridoce e decepcionante para nossa querida bruxinha. Difícil é saber onde exatamente o caldo começou a desandar.

Atenção: Contém spoilers!

++ Feliz Yule! – O Natal de Sabrina

Sem entrar no mérito de quem é a culpa, já que as informações sobre o cancelamento/finalização divergem, a verdade é que a temporada não começou bem. Com Sabrina (Kiernan Shipka) agora dividida em duas (Spellman e Morningstar) enfrentando os Terrores Sombrios, poderíamos ter um encerramento de tirar o fôlego. Mas de início pareceu que toda aquela atitude determinada de Sabrina ficou em Morningstar. Enquanto Spellman perambulava com dores de cotovelo. Levou três episódios para a trama gerar algo semelhante a empolgação.

E numa temporada de oito episódios isso é tempo demais.

Sabrina Morningstar e Sabrina Spellman no inferno

E o problema não foi só com a protagonista. Ambrose (Chance Perdomo), um dos personagens mais carismáticos, foi relegado a uma espécie de narrador de notas de rodapé. Simplesmente explicando os Terrores Sombrios e o que fazer para derrotá-los. Até a descoberta de que Roz (Jaz Sinclair) é uma bruxa foi subaproveitada, se tornando um plot quase irrelevante. Sem falar de Tia Zelda (Miranda Otto) e Tia Hilda (Lucy Davis), que viraram quase figurantes com falas. Só para citar alguns exemplos.

Houve pontos positivos. As referências à obra de H. P. Lovecraft foram muito bem boladas, apesar de parte delas passar batido para os não conhecedores de sua literatura. (Falo por experiência própria.) Ainda tiveram ótimas citações de diversos patamares da cultura pop. Sem falar nas participações de Beth Broderick e Caroline Rhea, que interpretaram as tias em Sabrina, The Teenage Witch. E claro, o Salem daquela série. Mas nada disso é suficiente para salvar uma temporada com trama ruim.

Kiernan Shipka com Beth Broderick e Caroline Rhea, as tias da série original dos anos 90

E o final… Bem, sempre foi uma grande característica de Sabrina colocar os seus a frente do seu próprio bem-estar. Então seu sacrifício foi condizente com o perfil da personagem. O último episódio estava envolvente e emocionante. Confesso que cheguei a ficar com os olhos úmidos em certo momento. Mas aí veio a última cena. Estava uma despedida tão bonita, por que mostrar a heroína da história num pós-vida tão sem graça? Se a intenção era mostrar que no fim de tudo ela ficou com Nick (Gavin Leatherwood), podiam tê-lo feito de uma forma melhor.

Se o que estragou o final foi fazê-lo às pressas, possivelmente bem antes do pretendido, não se sabe. Há notícias de que a história poderia continuar em HQs, diferentes daquelas que originaram a série. Ou ainda em crossovers com Riverdale. Porém, só vejo essas possibilidades sendo reais para os outros personagens. Já que a jornada de Sabrina chegou ao fim. E deixando uma péssima sensação.

Nota: 6,5

Arquivos

Leia Mais
‘Loki’ contextualiza fenômeno da variação temporal