Campanhas de financiamento coletivo

Viver de arte nunca foi fácil. No Brasil, então… No caso dos quadrinhos, a pandemia dificultou ainda mais o ganha-pão dos artistas: suspensões e cancelamentos de eventos, fechamentos de livrarias físicas, impossibilidade/dificuldade de vendas físicas pelos Correios por conta da quarentena, entre várias outras complicações.

Sem contar que por mais que vários desses artistas estivessem acostumados a trabalhar em casa, ter que ficar forçosamente assim não faz bem para a saúde física e mental de ninguém. Não poder ver outras pessoas, sair para um cinema, ver exposições, andar no parque, tem feito muito mal aos artistas que vêem sua produtividade cair junto com seu orçamento.

Fazer quadrinhos autorais é uma coisa cara. E a menos que você tenha alguma outra fonte de renda, algum outro trabalho fixo, alguma empresa que te ajude a pagar suas contas (como trabalhar para uma editora ou dando aulas, por exemplo), o artista depende única e exclusivamente do que vier a produzir diariamente, o que demanda um tempo razoável, sem contar com os materiais necessários. Ah, e pagar as contas básicas: luz, água, telefone, internet, aluguel…
A internet veio facilitar muito o trabalho desses artistas, tornando-se a principal forma de divulgação e compartilhamento das artes de diversos quadrinistas. Desde as redes sociais dos artistas até plataformas como o “Tapas.io” ou “Devianart” servem de “portifólios virtuais” de páginas de quadrinhos, tiras ou ilustrações.


O mecenato também é outra forma desses artistas se manterem, com apoiadores ajudando em projetos pontuais ou de forma contínua. Indicamos a seguir alguns projetos de quadrinhos (ou sobre eles), de Gêneros diversos, mas principalmente com autoras mulheres ou negros ou lgbtq+, pois consideramos que esses artistas têm menos visibilidade na mídia tradicional para divulgarem seus projetos.

Projetos pontuais:
História dos Quadrinhos – EUA: Livrão teórico sobre a história dos quadrinhos nos Estados Unidos, escrito por Diego Moreau (um dos criadores e editores da Skript Editora) e Laluña Machado (historiadora e uma das co-organizadoras do livro Mulheres & Quadrinhos indicado na nossa última coluna), que terá como diferencial mostrar as mulheres que trabalharam na indústria de quadrinhos dos Estados Unidos e por anos foram invisibilizadas. Algo inédito no Brasil, nessa magnitude.

Todos os Santos: projeto em busca de financiamento com várias pequenas histórias sobre Santos da Igreja Católica, sempre por uma dupla de mulheres quadrinistas do nordeste. O estilo da arte é tipo Mangá, o quadrinho japonês e vale para fugir do eixo Rio-SP.

Só mais uma história de uma banda:  mais novo projeto impresso da, hmm, veterana quadrinista Germana Viana, para um público +16, onde ela conta sobre a reunião de uma banda de sucesso dos anos 90 e sobre seus contratempos. Germana é uma ícone entre as quadrinistas brasileiras, estando há alguns anos no mercado já e com diversos materiais ganhadores de prêmios dos quadrinhos. Esse projeto já alcançou a meta e logo será fechado, mas ainda dá tempo de comprar em pré-venda.

Coleção Pandora: Coleção com 3 quadrinhos novos das roteiristas Caru Moutsopoulos e Caroline Favret com artistas diferentes desenhando. Devem seguir na mesma pegada do quadrinho lançado por elas no ano passado (“A Cabana”), um terror levemente psicológico, e que foi comentado por diversos veículos de quadrinhos.

Revista Mina de HQ:  é a revista do projeto Mina de HQ da Gabriela Borges que busca divulgar mais e mais autoras mulheres (cis ou trans) e pessoas não-binárias e que finalmente terá um material impresso com diversas autoras fantásticas do quadrinho nacional.

Apoios contínuos:
Alguns autores preferem o chamado apoio contínuo pois ajuda mais a manterem um trabalho diário com tiras, ilustrações e páginas de quadrinhos autorais.

Helô D’Angelo:  A Helô é jornalista e quadrinista com algum tempinho na área de jornalismo em quadrinhos, principalmente. Ativista feminista, também, faz em quadrinhos suas reflexões sobre os livros que está lendo, alem de tiras de humor ou charges sobre o tempo presente. Ano passado lançou sua primeira HQ autoral “Dora e a Gata”.

Chairim Arrais:  Chairim é uma quadrinista/ilustradora do interior de São Paulo que também já está há um tempinho no mercado. É bastante conhecida por ilustrações eróticas mas também pelos chibi (ilustrações fofinhas) que faz. Nesse “Apoia-se” as principais recompensas são: receber antes do público em geral suas artes, sem censura; bem como acompanhar sua web série World of Crisálida, que trata de fadas, vampiros, bruxas…

Tombo:  Tombo é um artista paraense, vivendo agora em São Paulo, negro, lgbtq+, e seu principal trabalho é uma arte erótica (ilustras e animações +18). Além disso, com parte do valor que recebe de seus apoiadores, ajuda outros/as quadrinistas indicados pelo seu público que fazem uma arte parecida com a dele

Mina de HQ:  projeto já citado lá em cima, da Gabriela Borges, que ajuda na divulgação do trabalho de mulheres (cis ou trans) e pessoas não-binárias com a publicação de quadrinhos on-line e, agora, na revista impressa também.

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