Assistimos: ‘Bad Batch’, primeira temporada

Ou seria 'Clone Wars' parte dois?

Bad Batch é a mais recente animação lançada dentro do universo de Star Wars. Produzida por Dave Filoni, a série está disponível do Disney+ e todos os 16 episódios da primeira temporada já estão no ar. Quer saber mais?

Enredo

Bad Batch conta a história de um grupo de clones, a Força Clone 99, que são considerados… defeituosos. Com características únicas que foram aumentadas artificialmente, eles se diferenciam do resto das força de clones, considerados Regs (ou regulares). Apareceram pela primeira vez na temporada final de The Clone Wars onde ajudam o Comandante Rex a resgatar Echo, que havia sido capturado pelas forças separatistas. Ao ser resgatado, as forças separatistas haviam integrado Echo ao sistema de análise estrategica, o tornando mais máquina do que clone, e no fim da saga acaba se juntando à Força 99. Os outros componentes da equipe são Hunter, o líder;  Wrecker, o clássico “fortão não muito inteligente”;  Tech, o especialista em tecnologia; e Crosshair, o sniper. Logo no primeiro episódio somos apresentados também à Omega, uma clone feminina que ainda é criança e possui uma origem misteriosa.

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 A série animada acaba sendo, ao mesmo tempo, um spin-off e uma continuação direta de The Clone Wars. Através dos olhos da força 99 vemos o desenrolar da Ordem 66 (ordem que coloca os clones contra os Jedi e os dizima no processo) e a transformação da Repúplica no Império Galático no pós-guerra. Como são clones “defeituosos” os chips que fazem os outros clones seguirem as ordens cegamente não funcionam bem neles e assim eles tentam encontrar seu lugar num mundo onde não são mais bem-vindos.

Problemas

Considerando o enredo e a premissa, a séria parecia um prato cheio para quem estava disposto a ver a transformação da sociedade de uma república para um império e as nuances deste processo. Algo dentro das linhas dos ultimos quatro episódios de The Clone Wars, onde vimos o quão dificil foi para Ashoka e Rex serem obrigados a lutar contra seus irmão e companheiros de batalha. Bad Batch infantiliza um pouco alguns episódios e arrisca pouco onde poderia ousar mais. Acaba lembrando mais a irregularidade das primeiras temporadas de The Clone Wars do que o equilíbrio entre nuance moral e aventura vistos em Rebels e Mandalorian (todas essas séries produzidas por também por Filoni).

++ Leia também: Star Wars – Visions tem seu primeiro trailer

Após fugirem do Império, o Bad Batch começa a fazer serviços contratados para se virarem, e a transformaçao da República em Imperio parece acontecer do dia pra noite, lembrando rapidamente o ambiente encontrado em Rebels. Muitos episodios acabam ficando com cara de “missão da semana” sem desenvolvimento real nem do plot nem das personagens envolvidas. Não são ruins, mas fica a sensação de que já vi essa fórmula antes (Mandalorian Rebels).

A necessidade de conectar com outras produções do universo a qualquer custo também fica forçada, lembrando coisas vistas no filme Solo. Ninguém realmente precisava de uma história de origem do bicho que o Luke Skywalker mata no Retorno de Jedi, né?

Qualidades

Nos episódios onde o plot realmente anda, vemos um desenvolvimento interessante de Omega e como sua história se relaciona com o resto do grupo, e um pouco sobre o que é ser um soldado sem exército, sem propósito. Afinal, os clones foram criados para uma guerra que não existe mais. O que fazer com eles?

Temos também que tirar o chapéu para o ator Dee Bradley Baker. Ele faz as vozes de todos os clones, conseguindo dar personalidade, entonação peso e carisma específicos para cada um. É um trabalho definitivamente genial.  Sério, o cara tem 631 créditos como ator no IMDB. Acho que ele participou de TODOS os desenhos animados produzidos nos EUA!

A animação mantém a qualidade atingida nas produções mais recentes. Em time que tá ganhando, não se mexe.

Veredicto

Pode ser a minha espectativa ou pode ser da própria série, mas eu esperava mais. Tenho a impressão que os roteiristas não estão/estavam certos sobre como que a série deve se relacionar com o momento no universo de Star Wars e por isso acabaram desnecessáriamente enchendo linguíça. Os episódios, em sua grande maioria, são bem feitos e divertidos, mas sem nenhuma exploração nova, sem expandir nada do que já existe. Todas as séries de Dave Filoni fizeram isso. The Clone Wars explora as perguntas “o que é ser um clone?” e “qual propósito da guerra nos mundos que estão constantemente subjugados pela politica dos outros”; Rebels explora questoes sobre a força que nunca puderam ser bem trabalhadas dentro dos filmes. Mandalorian explora a vida de caçador de recompensa, paternidade e identidade de raça/religião.

Bad Batch ainda não parece ter encontrado seu território e oscila entre episódios melhores e piores. Sou muito fã de Filoni e torço para que a série encontre seu caminho. Gostei do final da temporada e espero que tenha vida longa.

Nota: 7,5

Assista ao trailer da série:

 

 

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