Grandeza real de Chadwick Boseman ainda é desconhecida

Chadwick Boseman encarnou, talvez, a cena mais épica de Vingadores: Ultimato. Quando tudo parece perdido e que Thanos vencerá novamente surge um portal aberto para Wakanda. A sétima cavalaria é africana e tem um rei negro a frente berrando “yibambe” e ouvindo de volta o mesmo comando de seu exército. O idioma Xhosa, uma das 11 línguas oficiais da África do Sul e uma das 16 do Zimbábue, base para a língua do país do universo Marvel, significa “manter-se firme” ou “permanecer em formação”.

++ Reforma e revolução em Wakanda

O ator encarnou aquela voz de comando já com um agressivo câncer de cólon, doença que enfrentava desde 2016, mas para quem via o filme mais visto de super-heróis de todos os tempos era o poderoso Pantera Negra. Nas salas de cinema, os espectadores fitaram a cena atenciosos em suas cadeiras. Mas em seu coração, todos se levantaram e responderam ao super-herói: “Yibambe”. Sua partida na noite desta sexta-feira (28), ocorreu sem que houvesse repercussão sobre seu estado de saúde. Nos quatro anos em que enfrentou a doença, Boseman deu luz ao maior super-herói negro de todos tempos e um dos maiores de uma geração. Além de filmes memoráveis como Destacamento Blood, seu absoluto silêncio sobre sua condição tornou sua jornada mais épica. Enfrentou todo esse peso em seus ombros, viveu a consagração máxima entre cirurgias e quimioterapia. Poderia ser uma edição especial do rei T’Challa, mas foi a vida real.

Chadwick Boseman deixa um legado do qual ainda desconhecemos sua real extensão

Boseman deixou órfã uma geração de crianças. A primeira a se acostumar com o afrofuturismo, a África como um cenário postivo de filmes de ação e ficção científica e, é claro, um super-herói negro. Desconhecemos a extensão desse legado. Só saberemos seu tamanho real quando essas crianças crescerem. Quantas berrarão “Yibambe” em seus corações quando passarem por um momento difícil? Imagine quando assistirmos ao vivo uma mulher ou homem em um Emmy ou um Oscar afirmar que se tornaram atores porque viram um homem africano ser o maior super-herói em uma batalha com os maiores super-heróis da terra. Só neste momento teremos uma ideia, um vislumbre, do que ele foi, é e será para a cultura pop, sétima arte e para o mundo.

Entre tantas homenagens possíveis, talvez a mais adequada seja a da atriz Kerry Washington (Scandal). Ao invés do tradicional “may he rest in peace” (“que ele possa descansar em paz” em uma tradução livre), ela afirmou “May he rise in power”, em português: “que ele se erga poderoso”. E se erguerá berrando para todos nós: “yibambe”!

Arquivos

Leia Mais
Em paz, amado e idolatrado, morre George Perez aos 67 anos