Livros de sangue

Desafio literário: desbravando os “Livros de Sangue” – volume 1

Neste mês de janeiro, o Desafio Literário Popoca propôs a leitura de uma obra que fosse o “primeiro livro de uma série”. Optei por dedicar o mês a um dos meus escritores favoritos, o britânico Clive Barker. Um dos grandes nomes da literatura de horror nas últimas décadas, Barker começou a fazer sucesso com uma coletânea de contos intitulada Livros de Sangue, originalmente em seis volumes, publicados entre 1984 e 1985. Escolhi o primeiro desses volumes para o desafio.

Embora os contos que compõe a coletânea tenham histórias autônomas entre si, Barker as conecta de forma brilhante. No conto que abre o primeiro volume e, portanto, toda a antologia, explica-se o que seriam os Livros de Sangue. Nesse primeiro conto, a pesquisadora Mary Florescu contrata um médium charlatão chamado Simon Mcneal para investigar uma casa supostamente assombrada. No começo, Mcneal fingia ter visões. O problema é que os fantasmas realmente surgem, o atacam e escrevem palavras em sua carne. Essas palavras contam histórias escritas em um livro de sangue vivo e literal. O conto viria a ser adaptado para o cinema, em um filme escrito e dirigido por John Harrison.

Ao primeiro conto, intitulado O livro de sangue, seguem-se mais cinco: O trem de carne da meia-noite, O Yattering e Jack, Blues do sangue de porco, Sexo, morte e luz das estrelas e Nas colinas, as cidades. Os contos reúnem o medo extremo, o fantástico e até mesmo um toque de humor.

Atenção: spoilers

Além do conto que abre o volume, outra história também ganhou uma adaptação cinematográfica. No conto O trem de carne da meia-noite, Leon Kaufman adormece em um vagão do metrô de Nova York. Quando acorda, descobre uma cena de assassinato em um vagão, com vários corpos, nus e pendurados como peças de açougue. Kaufman desmaia e, ao recuperar a consciência, percebe que o trem continuou além do final da linha. Kaufman encontra um homem chamado Mahogany, responsável pelo desaparecimento e morte de várias pessoas no metrô. Kaufman enfrenta Mahogany, que quer proteger seus segredos, e o mata. O condutor leva o comboio a uma estação secreta. As portas do trem abrem e estranhas criaturas embarcam no trem, alimentando-se dos passageiros mortos. Dizem a Kaufman que Mahogany estava ficando velho e não poderia fazer o trabalho por mais tempo. Essas criaturas foram os governantes secretos da cidade de Nova York durante séculos. Uma das criaturas arranca a língua de Kaufman, que passa a ser o seu novo fornecedor de carne humana, dedicando-se a servir os “Pais da Cidade”.

Barker é um dos mais brilhantes e criativos escritores de horror em atividade, tendo criado obras nas mais diversas áreas – quadrinhos, cinema e teatro. Tornou-se mundialmente conhecido quando adaptou para o cinema seu próprio conto e criou um dos mais emblemáticos filmes do gênero, o clássico Hellraiser. Em Livros de Sangue o ainda jovem escritor mostra-se um excelente narrador e brilhante criador. Certamente vale a leitura não apenas do primeiro volume de histórias, mas também dos outros cinco!

Nota: 9

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