Bienal recusa recolhimento de livros e censura

A tarde desta quinta-feira (5/09) foi agitada com a notícia de que o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, pediu o recolhimento do encadernado A Cruzada das Crianças, do grupo Young Avengers. O motivo? Dois personagens têm um relacionamento homossexual na história. O POPOCA, como site a favor da diversidade, cultura e liberdade, rapidamente se posicionou.

A Bienal do Livro também se posicionou a respeito e não aceitou a censura. A organização descartou recolher ou lacrar A Cruzada das Crianças, afinal, seu conteúdo não é impróprio ou pornográfico.

Este é um festival plural, onde todos são bem-vindos e estão representados. Inclusive, no próximo fim de semana, a Bienal do Livro terá três painéis para debater a literatura Trans e LGBTQA+. A direção do festival entende que, caso um visitante adquira uma obra que não o agrade, ele tem todo o direito de solicitar a troca do produto, como prevê o Código de Defesa do Consumidor.

A Cruzada das Crianças

Escrita por Allan Heinberg e Jim Cheng, aborda a equipe dos Jovens Vingadores. Entre os integrantes, dois membros do grupo são namorados: Wiccano e Hulkling. Embora o relacionamento seja aceito pelos pais na trama, na vida real uma mãe teria comprado o livro para o filho e feito uma reclamação. O livro esgotou nas prateleiras na manhã desta sexta-feira (6/09).

O encadernado faz parte de uma linha destinada ao público adulto, como consumidores de quadrinhos sabem. O valor costuma ser em torno de R$40, inacessível para uma criança adquirir sozinha.
A Cruzada das Crianças foi publicada no Brasil ainda em 2012, em séries mensais. O país era mais respeitado internacionalmente, palco de grandes eventos e seu povo era menos dividido por religiões e ódio. O 66º volume da Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel, foi lançado no Brasil em 2016 pela Editorial Salvat em parceria com a Panini Comics. A série republica gibis em formato de luxo, com capa dura. Ou seja, está há três anos disponível e não afetou a vida dos que exigem sua censura.

A história foi publicada originalmente nos EUA entre 2010 e 2012, chegando ao Brasil, ainda em edições mensais em 2012.

Prioridades do vereador

O vereador Alexandre Isquierdo (DEM) que chamou a atenção para o tema e ameaçou “uma moção de repúdio” é conhecido por ser contra qualquer pauta LGBTQ+. No passado, foi contra clínicas para acolher vítimas de homofobia. Ele também já ajudou a impedir uma CPI dos ônibus. Ou seja, suas prioridades são sempre contra o que atende a representatividade deste público.

Isquierdo também foi um dos coautores de um projeto que dava salários vitalícios para os vereadores do Rio. Resta saber como ele acha que protegeria as crianças ganhando dinheiro do município para o resto da vida.

Arquivos

Leia Mais
‘Um príncipe em Nova York 2’: filme mais visto em streaming na pandemia