Artistas protestam contra o ComicsGate

O ícone Bill Sienkiewicz e outros artistas se juntaram a um protesto coletivo contra o  ComicsGate. A lista é grande e não para de aumentar. O roteirista Tom Taylor, de X-Men: Red, foi só mais um a divulgar seu apoio pelas redes sociais. Ao lado dele está Sterling Gates, roteirista de TV que já trabalhou na série Flash  da Warner, cujo tweet abaixo passou pela minha timeline e me acordou bem cedo esta manhã:

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Em uma tradução livre, Gates escreve o seguinte:

Quadrinhos são para todos

Quadrinhos podem ser feitos por qualquer um.

Não há argumento para assédio.

Não há lugar para homofobia, transfobia, racismo ou misoginia nos quadrinhos. Se você está usando sua plataforma para abraçar o ódio ou encorajar seus leitores a atacarem criadores, pare já.

A lista de apoiadores até o momento inclui nomes como Kelly Thompson (Vingadores da Costa Oeste, Mr. & Mrs. X), Jamal Igle (Punho de Ferro/Wolverine), Rob Williams (Juiz Dredd, Esquadrão Suicida), Sina Grace (Iceman), eJackson Lanzig (Gotham City Garage). E também a editora da Marvel Heather Antos.

Mas e o que disse Bill Sienkiewicz sobre o Comicsgate?

Em um longo texto em sua fanpage , o desenhista lembrou que “quadrinhos não são um clube de meninos”. E também que “cada voz é necessária” quando se trata de autores. Sienkiewicz ainda pediu – de forma bem direta – que cada um que acredita no contrário pare de comprar quadrinhos. “Nós estaremos bem sem vocês”.

Ele não está sozinho. Em novembro, Frank Miller disse que é necessário um revisionismo feminista na história dos quadrinhos. Há cada vez mais pessoas que acham sim que não só as histórias, mas o ambiente deve mudar.

E o que é o #ComicsGate?

Em português, vale ler este texto de Dani Marino, das Minas Nerds de fevereiro. Mas a real é que para muitos tudo começou em 2016 quando a imagem de Harpia foi a capa da última edição da personagem. As Minas lembram que Chelsea Cain foi alvo de uma série de ataques de ódio e misoginia pela capa. Afinal, o movimento destes haters sobre Comicsgate é simplesmente uma ideia absurda de que uma suposta agenda estaria afetando a qualidade das histórias. Oi?

A coisa ganha contornos mais ridículos para quem defende esta ideia quando lembramos outro marco dos “protestos”. Uma foto de editoras da Marvel tomando Milk Shake.

E olha que nem era Ovomaltine…

A treta continuou crescendo. Então o que os caras do ComicsGate fizeram para ir além?Resolveram defender que o artista Darwin Cooke apoiaria o movimento. O problema é que Cooke está morto. Sua viúva, Marsha Cooke, teve que interromper seu luto para dizer que:

Posso garantir que ele pensava que vocês, idiotas do #ComicsGate, são um bando de bebês chorões e perdedores que estão arruinando os quadrinhos. Porque vocês são.

Ouch. Mas não parou por aí… Ethan Van Sciver, uma das figuras mais proeminentes a frente do #ComicsGate, resolveu discutir – ainda que de forma amigável – com Marsha para tentar explicar suas “ideias”. A longa conversa em redes sociais acabou com a viúva dizendo que não tinha nenhum interesse em saber a respeito do grupo e sobre Ethan, que foi amigo do casal em algum momento. “Isto parte meu coração”, disse Ethan;

Quem é Van Sciver e sua relação com o #ComicsGate?

Ethan Van Sciver
 

Segundo Marsha, parte da postura de Van Sciver tem a ver com uma sensação de isolamento por pela indústria (AKA falta de oportunidades). E ela lembrou que isso tem a ver com seu envolvimento com o ComicsGate. Sim, Ethan Van Sciver é um desenhista com vários trabalhos publicados para Marvel e DC, inclusive os Lanternas Verdes.

Publicamente, o artista é um republicano e nunca escondeu. Ele já enfrentou acusações de coisas bem pior que prefiro não comentar. De qualquer jeito, embora seja um dos entusiastas do movimento, ele não está sozinho e é provável que não seja mais do que uma celebridade hater do que um líder de fato. Vários dos apoiadores gravaram um vídeo com o título “quem é o líder do #ComicsGate” para dividirem – ou seria esvaziarem? – as críticas.

Negros, mulheres, latinos e até crianças (por causa disso, preferi não deixar o vídeo neste post) aparecem no vídeo. Todos proclamando a frase “eu sou o líder do ComicsGate”. Ou seja, representantes de minorias que, supostamente, estariam afirmando que este não é um movimento contra elas. Afinal, representantes destas minorias também apoiam isso.

Então tá bom. É algo controverso você não ser de uma minoria e discutir sobre o que a atinge, mas vou correr o risco e me intrometer. Todo e qualquer movimento que traga diversidade para meios de comunicação é positivo. As boas histórias são consequências, mas é inacreditável que alguém ache que não é racista dizer que se preocupar com diversidade afeta boas histórias.

Sim, é racismo.

Sim, é discurso de ódio.

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