Ela foi chamada de louca, ameaçada e não ligou. Poderia ser mais uma das vítimas de feminicídio, mas estamos falando de Starlight/Luz-Estrela (Erin Moriarty), personagem da série The Boys, que denunciou uma conspiração financeira liderada por um homem (super)poderoso para enganar a sociedade, calar outra mulher (Rainha Maeve) e cometer crimes.
É bom deixar claro que relacionar mulheres a histeria é um expediente velho de machistas misóginos para cala-las e acobertar seus crimes muitas vezes usando até mesmo o poder financeiro para subverter júris e julgamentos e até criar saídas que a justiça desconhecia. Soa bem parecido com o que vemos na série, certo? De um lado, temos uma jovem super-heroína que sonhava em ser como os principais super-heróis do planeta mas foi abusada e virou o jogo com a ajuda de outras mulheres e fazendo das redes sociais uma arma poderosa para atravessar qualquer burocracia jurídica e garantir que a sociedade entenda o que está apoiando.
Em tempos que qualquer discussão sobre o machismo e a violência contra mulheres é rebatida como “lacração” ou “mi-mi-mi”, The Boys encontrou um caminho interessante para fazer uma metáfora com um expediente que acontece todos os dias e em todos os países, como o movimento #MeToo mostrou. Mais do que isso, evitou que a personagem encontrasse redenção pelo abuso ou mesmo se reduzisse a uma vítima e se tornando ainda mais heroína virando o jogo e ajudando outras pessoas. Palmas.