O triste adeus à divertida “Brooklyn Nine-Nine”

Sem spoilers

Por 8 incríveis temporadas nos divertimos com a atrapalhada (e incrivelmente eficiente) equipe da 99ª DP de Nova York, situada no Brooklyn. Quase precisamos nos despedir deles prematuramente em 2018, quando a FOX (responsável por sua produção até então) a havia cancelado na 5ª temporada. Mas a NBC comprou os direitos e permitiu que os produtores Dan Goor e Michael Schur continuassem a série por mais três temporadas e lhe dessem um encerramento digno. E agora chegou a vez de dar o adeus definitivo à Brooklyn Nine-Nine.
Como em todo bom sitcom, a marca de B99 sempre foi de tirar sarro de situações comuns. E sendo uma comédia policial, essas situações muitas vezes envolviam críticas ao sistema. Porém, a pandemia de Covid-19 e atrocidades cometidas por policiais contra pessoas não brancas que impulsionaram o movimento Black Lives Matter não são assuntos para piadas. Mas fingir que nada disso aconteceu simplesmente para que a série pudesse continuar fazendo piadas irreverentes estava fora de questão. Então eles entraram na pauta, e um toque de solenidade se fez presente em alguns momentos.

Sim, lágrimas rolaram em certos momentos. O time de Brooklyn Nine-Nine é etnicamente diversificado, então foi uma boa escolha da equipe de criação mostrar o efeito dos acontecimentos na saúde mental deles. Inclusive em Rosa (Stephanie Beatriz) e Capitão Holt (Andre Braugher), que sempre se mostraram tão durões. Ambos mostraram uma atuação ainda mais notável nesta temporada.

Brooklyn Nine-Nine
Brooklyn Nine-Nine: termina com um balanço de várias temporadas

Mas se não podemos fazer piada com fatos trágicos, certamente podemos fazer da estupidez de quem tenta minimizá-los. O alvo das piadas foi o Presidente do Sindicato Frank O’Sullivan (John C. McGinley), inserido para representar as pessoas escrotas que insistem em dizer que não existe preconceito e que a polícia deve agir impunemente. Existem opiniões controversas sobre satirizar pessoas e atitudes assim, mas acredito que quando somos capazes de rir daqueles que querem nos diminuir é que ganhamos forças para enfrentá-los.

De todo modo, ainda houve espaço de sobra para situações inusitadas e humor despretensioso. Ou não seria Brooklyn Nine-Nine. Enquanto trabalhavam para transformar o sistema, Jake (Andy Samberg) e Amy (Melissa Fumero) se mostraram os pais mais cômicos da TV. Também tivemos Charles (Joe Lo Truglio) em uma descoberta inimaginável sobre a família Boyle, Terry (Terry Crews) sendo… Bem, Terry. E Scully (Joel McKinnon Miller) e Hitchcock (Dirk Blocker) inseparáveis, mesmo que por videochamada.

Os casos da temporada foram ótimos, e não faltaram homenagens à trajetória da série. Personagens que fizeram parte da história também garantiram a oportunidade de se despedir. E assim pudemos dar adeus a Doug Judy (Craig Robinson), Adrian Pimento (Jason Mantzoukas), a adoradíssima Gina (Chelsea Peretti) e outros. E o que poderia ser mais adequado para a despedida do que um episódio duplo com um super-roubo?

Brooklyn Nine-Nine
Brooklyn Nine-Nine: fecha com várias temporadas e uma trama concisa de sua história

Brooklyn Nine-Nine conseguiu nos 10 episódios da 8ª temporada com uma excelente trama. Relembrando e honrando seus momentos mais importantes de forma concisa, sem se tornar repetitiva. Houve piadas infames sobre o Brasil, mas nada que já não tenhamos ouvido pior. Num panorama geral, foi um grande desfecho para uma série que deixará saudades.

A última temporada de Brooklyn Nine-Nine está sendo exibida semanalmente no Warner Channel, à 0h10m de quinta para sexta. Não há previsão de quando a final season entrará no catálogo da Netflix, mas provavelmente será em 2022 pois o streaming acabou de adicionar a 7ª temporada.

Nota: 9

Confira o trailer da 8ª temporada:

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