É comum que atores e atrizes se revezem com super-heróis em animações e games, mas Kevin Conroy acabou sendo uma voz tão inimitável e perfeita que ficou difícil de se pensar no Batman sem ele. Durante trinta anos, ele nos fez ouvir Bruce Wayne e o Homem-Morcego numa parceria que agora chega ao fim com sua morte aos 66 anos em decorrência de um câncer recém-descoberto, segundo o The Hollywood Reporter.
Desde Batman: The Animated Series e Batman: A Máscara do Fantasma, Conroy se acostumou em imprimir a marca de sua voz inconfundivelmente grave e profunda para o Cavaleiro das Trevas. Mesmo em Batman: Cavaleiro de Gotham, animação que trazia histórias do personagem no universo cinematográfico do diretor Christopher Nolan entre Batman Begins e Batman: The Dark Knight, a produção optou pela voz clássica ao invés do próprio Christian Bale ou alguém que pudesse imitar a voz gutural que ele criou para o personagem no cinema.
No total, Kevin Conroy esteve em cerca de 60 produções, com mais de quinze filmes e 400 episódios para a TV. Nos anos mais recentes, ele se tornou atração recorrente de convenções de fãs sempre cogitando retornar a formação clássica de Liga da Justiça Sem Limites com os demais atores originais.
“Kevin era a perfeição”, lembrou Mark Hamill, que se acostumou a fazer a voz original do Coringa. “Ele era uma das minhas pessoas favoritas no planeta e eu o amava como um irmão. Ele realmente se importava com as pessoas ao seu redor – sua decência brilhava em tudo o que fazia. Toda vez que eu o via ou falava com ele, meu ânimo se elevava.”
A trajetória de Conroy se confunde com a própria história do cinema norte-americano. Ele estudou na mesma faculdade de um certo Christopher Reeve e dividiu quarto com Robin Williams na época. Depois de formado, ele obteve papéis em novelas e séries de TV como Cheers, Murphy Brown e outros. Mas seu nome ganhou os holofotes em 1992 quando iniciou seu envolvimento com o Batman.
“Lembro que Mark e eu estávamos no estúdio de som para fazer o trabalho e assistimos aos créditos de abertura”, disse em 2017. “Ouvimos o tema de abertura com as cordas e as cores exuberantes. Foi incrivelmente dramático. E olhei para Mark e disse: ‘Você tinha ideia do que estávamos fazendo?’ Ele disse: ‘Não, estou impressionado!’ Ambos sentimos que fazíamos parte de algo realmente especial.”
Curiosamente, o ator tão acostumado a ser voz pôde encarnar Bruce Wayne uma vez no especial Crise Nas Infinitas Terras da CW. Ele tinha como seu momento favorito o filme para a TV, A Máscara do Fantasma. Ele deixa dois irmãos e seu marido Vaughn C. Williams.
