He-Man foi um desses desenhos que marcam a infância de uma geração. Foi tão bem sucedido que já gerou reboots e até um (in)esquecível filme live-action, muito mais do que podemos dizer de Thundercats, por exemplo. Apesar disso, o desenho, criado basicamente para vender bonecos, envelheceu bem mal em alguns aspectos
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Lógico que nada disso corrompe nossa infância ou tira o carinho pelo desenho mas faz a gente pensar um pouco sobre como os criadores da série deram mole em coisas simples como símbolos, nomes e até mesmo o design de alguns personagens. Duvida? Confira os pontos problemáticos da animação:
Quais eram mesmo os nomes em Etérnia?
Simplicidade é um mérito que os criadores de He-Man levaram ao pé da letra. A feiticeira de Etérnia chama-se… Feiticeira! O vilão com cara de esqueleto chama-se… Esqueleto! No original, “Skeletor” não fica muito melhor assim como Mentor (em inglês seria algo mais parecido com “armeiro”) e por aí vai.
Aliás, o próprio nome “He-Man” é uma expressão que significa algo como “Homem Viril”. Será que quem sugeriu isso no brainstorm estava falando sério?
Príncipe Adam tem um “disfarce Clark Kent”
Basicamente, He-Man e o príncipe Adam tem exatamente a mesma cara e altura. Apenas mudam de roupa e… De cor de pele. É quase uma black face, que parece suficiente para nem mesmo os próprios pais reconhecerem! Clark Kent & o Super-Homem foram injustiçados depois desta, convenhamos.
A coisa piora bastante ao invés de melhorar quando lembramos da segunda versão de He-Man: The New Adventures of He-Man. Os criadores tornaram Adam e seu alter-ego mais dessemelhantes, porém… Deixaram ele bem loirinho. Afinal, qual seria o problema de uma Etérnia com um príncipe negro?
Por que todo mundo em Etérnia é fitness?
Embora Etérnia parecesse um planeta inóspito, com criaturas monstruosas e sempre em clima de guerra, praticamente todas as personagens femininas se vestiam como se fossem a uma festa a fantasia na piscina. Roupas que deixariam qualquer apresentadora de programa infantil da época morrando de inveja (e se você não entendeu, é melhor deixarmos assim mesmo).
Fora o fato que absolutamente todos os personagens masculinos eram halterofilistas enquanto as mulheres tinham corpo de modelo. Mesmo em She-Ra, que era uma resposta feminina ao desenho, a dinâmica se mantém. Como será que entre as aventuras os homens conseguiam levantar peso por quatro horas e as mulheres faziam aula de pilates e ioga…?
O Castelo de Grayskull era MESMO feito de ossos?
Em português, Grayskull seria algo como “caveira cinzenta”. Mais parecido com um filme de terror, o tal castelo onde morava a Feiticeira insinuava pelo nome e estrutura ser algo feito com uma grande criatura ou foi modelado em concreto para ser tão simpático? Ou era feito de ossos?
Imagine quantas crianças não tinham pesadelo com aquela porta convidativa do castelo se abrindo…
He-Man era prussiano? Torcia pro Vasco?
A resposta para o título é: claro que não. Porém, como você pode ver acima o símbolo principal do personagem tem uma ambiguidade relevante. A cruz de ferro ostentada por He-Man foi uma condecoração importante no Reino da Prússia e, depois, reinserida pelo governo nazista. Até hoje ainda é usada na Alemanha: a cruz Pátea.
Após o armistício de 1945 nunca mais circulou até que alguém achou uma grande ideia colocar no peito do super-herói. Possivelmente por que a cruz foi originalmente o símbolo dos cavaleiros teutônicos, o que explica sua presença na centenária camisa do Vasco da Gama, por exemplo. Afinal, o clube cruzmaltino não tem nada a ver com o nazismo e é notório por ser uma instituição afirmativa em relação a causas sociais. De um jeito ou de outro, o símbolo ainda é usada pelas forças armadas da Alemanha até hoje, mas sem a suástica. É curioso que uma animação norte-americana tenha ignorado tantas referências negativas apesar de haver coisas positivas a respeito. Mesmo versões mais recentes da franquia ainda a usam. Seria possível trocar o símbolo ou, pelo menos, modifica-lo para ficar mais próximo de outras versões menos polêmicas. Não seria o único exemplo polêmico de uma série que pecou em usar referências asiáticas de forma pejorativa.
O POPOCA acredita que foi só um descuido mesmo. Mas vale lembrar que em Mestres do Universo: Salvando Etérnia, houve a opção por retirar a Cruz de Malta e troca-la por um “H” estilizado para evitar polêmicas. Justo.
A trilha sonora de He-Man era original?
He-Man and the Masters of Universe foi lançado em 1983. Um ano antes, Pierce Brosnan estrelava uma série de TV chamada Jogo Duplo (no original Remington Steele) que durou quatro temporadas e fez bastante sucesso lá fora. Agora, clique no vídeo acima e me diga se a trilha da série não te lembra alguma coisa…
Post livremente inspirado neste artigo em inglês do Looper.