“Diga a palavra”. O slogan de Shazam! não é um simples artifício comercial. A palavra mágica é mais conhecida do que o nome “Capitão Marvel”, usado pelo herói na maior parte de sua existência. A produção do clássico herói da DC Comics aposta nessa mitologia tão conhecida por todas as idades para contar a jornada de origem e produzir o melhor filme de um super-herói decenauta nesta década, além de Mulher-Maravilha.
O órfão Billy Batson tem apenas 14 anos de idade, mas recebe de um antigo mago o dom de se transformar em um super-herói adulto chamado Shazam ao gritar o próprio nome. Ao mesmo tempo, precisa se adaptar a um novo lar e família enquanto testa suas habilidades. E ele pode não ter muito tempo pois precisa aprender a controlar seus poderes para enfrentar o Dr. Thaddeus Silvana.
Shazam! não é só uma história de origem, mas um filme para crianças que sonham em ser super-heróis e, principalmente, para adultos que já foram crianças que sonharam em ser super-heróis. A jornada de amadurecimento de Billy Batson é a que todos nós gostaríamos de ter: um caminho em que nos tornamos adultos, mas seguimos crianças. Nesta linha, todas as atuações trabalham para dar credibilidade e não fazer do filme algo bobo. Em outras palavras, um Quero Ser Grande com superpoderes. É um grande filmaço digno de sessão da tarde nos anos 80, quando víamos grandes clássicos de aventura na TV Globo.
Entre os coadjuvantes, destaque para o ator Cooper Andrews (o amável papai Victor Vasquez), que também atuou em Bandersnatch. Mas é o trio principal: Asher Angel (Billy Batson), Zachary Levi (Shazam) e Jack Dilan Grazer (Freddy Freeman) que ajuda a dar a leveza necessária em contraponto a atuação sinistra de Mark Strong, como o maquiavélico Dr. Silvana. O roteiro de Henry Gayden faz boas escolhas na mitologia decenauta do herói e o diretor David Sandberg acerta ao dar o tom de fábula para a produção.
Shazam! aposta na inocência de uma história de super-herói até o último minuto. Não é um filme para fugir de clichês, mas para reafirmar o poder do gênero e, quem sabe, apontar um caminho para a DC. Na década, os heróis decenautas apostaram em um tom sombrio para tornar os personagens mais humanos. A produção até referencia esta escolha ao deixar claro que é outro tom. As referências ao Superman de Zach Snyder são claras.
Afinal, a identidade da DC se trata mais de supers do que de humanos. A jornada de Shazam e de sua autodescoberta não quer que os fãs se vejam no herói, mas que se maravilhem com ele. Faz toda diferença para sabermos que é um novo estilo de super-herói. (Spoiler) É como ser uma criança que não ganha um bichinho de pelúcia. E um dia ser o adulto que dá esse bichinho para alguma criança (fim do spoiler).
Vamos dizer a palavra?
Nota: 8