O Pantera Negra morreu. Como explicar a morte de um herói? A partida de Chadwick Boseman deixou um caminho de questões para mães e pais pretas que se viram na tarefa de explicar a saída de cena do ator que deu cara e voz ao Pantera Negra, primeiro super-herói negro a ganhar enorme destaque nos cinemas. Se Wakanda é para sempre, como os pequenos reagirão sem sei rei?
++ Chadwick Boseman pensava em sequência de Pantera Negra dias antes de morrer
“O ideal é que não afirme que foi o pantera negra que morreu. E sim o ator do filme. E que as pessoas na vida real morrem e isso é parte da vida. Mas elas continuam sempre com a gente naquilo que fizeram. Assim como o filme do Pantera Negra, ele vai estar com a gente na lembrança, deixou isso para nós. O mais importante é não mentir, não aguçar ou reprimir essa curiosidade original infantil”, explica a psicóloga Thayna Trindade, diretora do Instituto Por Direitos e Igualdade.
Mãe da pequena Stela (9 anos), a cake designer e teóloga Rita de Cassia Cruz Lima revela como as preocupações infantis giram no mesmo ambiente de filmes. Entre a preocupação em se conectar com problemas da vida real e a fantasia.
“Stela ficou muito triste com a morte do Chad. ‘Estou preocupada porque não vai ter Pantera Negra 2’, me disse. Então expliquei que o personagem T’challa continua vivo, que quem morreu foi o intérprete. E ela respondeu ‘Mesmo assim mãe, não vai ser a mesma coisa o T’challa era o nosso Rei. Queria ele vivo a família dele deve estar sofrendo muito com tudo isso, igual a gente’, disse”, revela a mãe.
Sim, a tristeza também chegou aos adultos e conecta os mundos. Para pessoas de 40 ou 50 anos e de nove ou dez, Pantera Negra foi a primeira vez de um negro com um mundo ancestral africano como protagonista. Stela pode até não ter essa noção, mas notou que as lágrimas não eram só das crianças. “E Quando ela me viu triste e chorando, perguntou se eu estava triste porque não tinha dado tempo de me casar com ele e falar tudo o que sentia por ele. (Risos). A verdade é que não deu tempo de agradecer a sua EXTREMA importância para a atual e a vindoura geração de pessoas negras. WAKANDA FOREVER”, relembra Stela.
Entre as razões para crianças não se sentirem tristes estará sempre a esperança. O coletivo Pais Pretos trouxe o pequeno Théo, que ouviu da mãe que agora ele pode aspirar.
Aspirar ser o novo Pantera Negra.
Exemplo não é problema. Se o Pantera Negra morreu, Chadwick impressionou seus fãs quando perceberam que fez tantos filmes mesmo adoecido e sem deixar que ninguém soubesse. O publicitário Vladimir Cruz, pai de Rafaela Fernandes Cruz, viu sua foto com as crianças viralizar. Na imagem, todos fazem o símbolo que o mundo inconfundível do afrofuturismo consagrou. E como explicar que o motivo do símbolo morreu?
“Tínhamos uma grande preocupação na madrugada do sábado, quando o grupo ‘pipocava’ nas trocas de mensagens. Como reagiria nossas crianças, já que os adultos estavam todos atônitos com a mensagem. ‘Porque pai?’, perguntou a menina. “Porquê a vida tem ciclos e tempo para tudo. O tempo dele acabou neste plano, mas pode acreditar o quanto ele deixou de legado para toda nossa família”, explicou o publicitário.
A pequena Rafaela disse não querer ver outros filmes sem o herói. E agora? “Expliquei para ela: ‘Vamos sim amorzinho e quando aparecer a imagem dele levantaremos na sala de cinema e faremos o que você propôs para toda família na virada do ano. Braços Cruzados e todos gritaremos #WakandaForever'”, disse.
Brunno Rodrigues, ator, professor e diretor da BR Mídia Filme, explicou que com a pequena Carolina o caminho foi usar o exemplo de pessoas que já se foram. Com três avós como anjos da guarda, ela vai sonhar com um encontro entre sua família e seu super-herói favorito.
Você confere abaixo o depoimento completo:
Agradecimentos
Coletivo Pais Pretos
BR Mídia Filme
Diversa Sites e Conteúdo.