Na última semana, James Gunn confirmou Batman: The Bold and the Brave e colocou Andy Muschietti, diretor de The Flash, como responsável pelo projeto. A confirmação porém não garante que o filme que estreou nos cinemas fará parte da cronologia decenauta, o que só aumenta a bagunça que a Warner tem feito com os super-heróis mais clássicos das histórias em quadrinhos. Até aqui, a gente pode entende que:
- The Batman, dirigido por Matt Reeves e estrelado por Robert Pattinson, não terá absolutamente nenhuma relação com o DCverso que Gunn tem trabalhado ou tampouco com os personagens mencionados em The Flash. Assim como sua sequência.
- Coringa e Coringa: Folie à Deux não tem nenhuma relação com a produção estrelada por Ezra Miller ou com o filme de Reeves e muito menos com Batman: The Bold and the Brave.
- A série da HBO que abordará o Pinguim e conta com Colin Farrell não terá nenhuma relação com nenhum filme ou série exceto com as produções envolvendo Reeves.
- A Arlequina, interpretada por Margott Robbie, de O Esquadrão Suicida não tem relação com a Arlequina que aparecerá em Folie à Deux com Lady Gaga no papel.
- Gotham Knights, Gotham e Titãs não têm relação entre si ou com todas as produções previamente citadas assim como as séries do Arrowverse.
Parece confuso. E é.
Os fãs da DC que leem todas as notícias envolvendo a editora e a Warner certamente vão gastar algum tempo explicando a amigos e parentes que, pasmem, só querem ver um filme ou série porque o Batman de Ben Afleck não existe mais ou se o Coringa caiu ou não em um tonel de dejetos químicos.
São dois (ou cinco!) atores ou atrizes interpretando um mesmo personagem em um período curto demais. Repare que entre Christopher Reeves e Brandon Routh nos cinemas tivemos décadas, mas neste século vamos para o terceiro Superman apenas na telona além do terceiro (ou quarto ou quinto…) Batman, o segundo Lanterna Verde etc.
Além de confusões que discordam de cânones ou, simplesmente, reinventam personagens. Por exemplo, o Palhaço do Crime virou uma espécie de Herói-do-Povo-Gotham-Citeiro com Todd Phillips, que dirigiu um ótimo filme sobre um personagem que não é o Coringa que conhecemos, seja nos quadrinhos, séries ou cinemas. Na verdade, é uma espécie de anti-herói que não tem relação com o maior inimigo do Batman. Exceto no nome.
Imagine se alguém relançasse Hancock, filme em que Will Smith interpreta um super-herói desajustado, e chamasse de “Novo Superman”. Produtores poderiam dizer que é uma “versão do multiverso” ou “a visão de Peter Berg do Homem de Aço” e por aí vai. O próprio Gunn chamou as produções que estão fora de sua alçada de “multiverso”. Porém, a DC sempre nos ensinou que um universo que abriga muitos outros é bem diferente do mais completo caos. Você jamais verá o James Bond de Daniel Craig concorrendo com o de Pierce Brosnan porque todo mundo sabe que não há espaço no imaginário para isso.
A Warner está canibalizando as próprias produções com filmes que irão concorrer entre si. Os fãs não vão mais escolher entre seu super-herói favorito e o novo filme de Vin Diesel mas entre o mesmo super-herói em diferentes versões. Em um mundo onde pirataria corre solta não é preciso ser gênio em matemática para ver que esta conta não vai fechar e vai deixar cada responsável pelo seu universo insatisfeito com a concorrência na própria casa.