C’è Ancora Domani, nome original de Ainda Temos o Amanhã, é um desses filmes que qualquer professor de cinema pode usar para falar de cinema italiano. Está tudo lá: o preto-e-branco, o neorealismo e o estilo de atuação. Embora seja quase irresistível classificá-lo como um exemplo de neorealismo, o filme dirigido e protagonizado por Paola Cortellesi me parece mais com um realismo fantástico com tons de fábula.
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Delia (Paola) é uma mulher que vive na Itália imersa na Segunda Guerra Mundial. Dividida entre o otimismo da libertação e as misérias cotidianas, ela enfrenta o autoritarismo do marido (Valerio Mastandrea) e encontra consolo apenas na companhia de sua amiga Marisa (Emanuela Fanelli) e em um objetivo misterioso. Será que adivinhamos qual seria?
Ainda Temos o Amanhã tem o potencial de envolver qualquer espectador ao ponto de repetirmos suas doces falas em italiano enquanto pensamos qual personagem do filme nos lembra quem. Muito curioso notar como problemas da Itália do século passado ainda ecoam no mundo de hoje, inclusive no Brasil. Com uma direção doce e delicada, Paola protagoniza sua propria jornada em rumo ao que foi um momento importante da democracia italiana, que passa por uma dura provação. Com um elenco absolutamente impecável, o filme encanta unindo musica e ação, violencia e valsa, humor com amor e surpreende até o fim.
Escrito pela diretora com os roteiristas Furio Andreotti e Giulia Calenda, o filme tem todo jeito de ser indicado ao Oscar no ano que vem. A conferir.
Nota: 10
Confira o trailer de Ainda Temos o Amanhã: