Produção da Netflix que rapidamente chegou ao Top 1 da plataforma, Adolescência parece ter causado impacto o suficiente para conquistar um lugar na história da TV e do streaming para chamar de seu. Com um conjunto de atuações marcantes, cenas baseadas em situações reais demais que estamos vivendo, um texto impecável (os roteiristas Jack Thorne e Stephen Graham assinam a história) e cada capítulo dirigido como um grande filme de cinema em um plano-sequência marcante, a minissérie ficcionaliza nosso desespero real. Phillip Barantini é o diretor.
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Jamie Miller (Owen Cooper) é um típico adolescente do Reino Unido quando seu mundo desmorona em uma manhã antes da escola. Preso, ele é acusado pelo assassinato de uma adolescente e vê tudo ruir com apenas seu pai Eddie (Stephen Graham, em um daqueles trabalhos que você espera que o emmy chegue junto com o último episódio) e seu advogado Paul Barlow (Mark Stanley) ao seu lado. Ele ainda precisa passar por situações que está desacostumado como a análise da psicóloga Briony Ariston (Erin Doherty).

A psicóloga (Erin Doherty) protagoniza um dos melhores episódios de Adolescência
A decisão de dirigir cada capítulo de uma hora em um plano-sequência torna Adolescência algo difícil de não maratonar. Na verdade, cada pausa para ir ao banheiro soa quase como uma contravenção, já que nos dá uma sensação de perda no acompanhar os acontecimentos. Tudo é importante, cada frame parece dar uma pista dos porquês que queremos descobrir assim como a família Miller quer respostas. Jamie matou ou não? Qual foi a motivação? De quem seria a culpa? Onde está a arma do crime?
Quem gosta de tudo explicado e com respostas claras talvez precise procurar outra minissérie. Adolescência apresenta muito e nos dá pouco. Você vai precisar assistir e pensar por si só o significado de cada conflito. Vale elogiar a preocupação da série em ser etnicamente diversa com pessoas brancas e indianas negras em diferentes posições no enredo.
A série também dá uma aula do que é drama de alto nível e o que é só melodrama de soap opera mexicana. Adolescência não é panfletária, mas aborda uma história que está cada vez mais próxima de nós. Seja a segunda pessoa do plural ou vários espectadores com nó na garganta ao final de cada um de seus quatro capítulos que contam tanto. Emoldure e cole o pôster na parede. É uma obra-prima.
Nota: 10 (e não é só a gente: The Guardian adorou)
Confira o trailer de Adolescência: