Que Tarsila do Amaral foi das grandes artistas do modernismo brasileiro é algo que todos sabemos. Pelo menos nós, adultos. Que já lemos, ouvimos e estudamos sobre a Semana de Arte Moderna de 1922 e o que adveio dela. E a animação Tarsilinha, que estreou nos cinemas em 17 de março e chegou ao Amazon Prime Video na última quinta-feira (05), leva as crianças por uma aventura pelo universo das obras da artista.
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Tarsilinha (Alice Barion) passa divertidas férias na casa de campo da família. Em uma tarde aparentemente comum, depois de uma estranha ventania, as lembranças de sua Mãe (Maíra Chasseroux) são levadas. Determinada a não permitir que a Mãe perca as memórias para sempre, a menina embarca em uma aventura por um mundo mágico para encontrar as lembranças e o misterioso ser que as levou.
Com direção de Célia Catunda e Kiko Mistrogiro (responsáveis por Peixonauta e Show da Luna) e roteiro de Marcus Aurelius Pimenta e Fernando Salém, o filme é visualmente primoroso. A despeito de todas as dificuldades enfrentadas pela animação nacional, Tarsilinha entrega um trabalho pra nenhum grande estúdio botar defeito. Desde o simples fato de usar técnicas em 2D e 3D para diferenciar o “mundo real” do “mundo mágico” até dar vida às obras de Tarsila do Amaral, que é o cerne do filme.
Cenários, personagens e elementos parecem saídos diretamente das telas da artista, e alguns aspectos reverenciam também sua vida. Como a infância no campo e o jeito de falar do personagem Sapo (Ando Camargo), inspirado nas cartas cheias de palavras inventadas que Tarsila trocava com Oswald de Andrade. Sem falar de outras referências à arte brasileira, como um trecho de Trem Caipira, de Heitor Villa-Lobos, incluso na trilha sonora.
Porém, como alguém que ama animação e considera especialmente filmes que agradam todos as gerações, lamento um pouco o fato de a história ser apenas para crianças. É certo que alguns pais se tornam capazes de apreciar esse tipo de enredo, mas para uma obra que reverencia nossa cultura e uma grande artista seria bem possível criar uma trama mais abrangente. Até as motivações da vilã Lagarta (Marisa Orth) são fracas. E os únicos plus para os adultos são a estética e os easter eggs.
Enfim, se você tem crianças em casa Tarsilinha pode ser uma boa pedida para um momento de entretenimento. E de quebra mostrar o quanto nossa cultura é rica e que não é preciso procurar lá fora para encontrar beleza.
Nota: 7
Confira o trailer: