Já nos primeiros dias de 2020 Soul era apontado como um dos filmes mais aguardados do ano. E não é pra menos: Seria a primeira animação Disney/Pixar a trazer a maioria dos personagens (e dubladores) negros. Além disso, conta com direção de Pete Docter (Up! e Divertida Mente) e produção de Dana Murray (curta Lou). As expectativas estavam em alta.
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O título Soul tem um duplo sentido que vem a calhar. Significa “alma” em inglês, e também é um gênero musical de raízes afro-americanas surgido no sul dos Estados Unidos. O título não poderia ser mais apropriado para um filme onde o protagonista é um professor de música que sofre um acidente e vai parar no mundo dos espíritos.
Com uma proposta dessas é claro o filme traz muitas reflexões. A trama brinca com o velho “de onde viemos? Para onde vamos?” e muitas antigas questões filosóficas. Ao ver Joe Gardner (voz de Jamie Foxx) fugindo do pós-vida e caindo sem querer no mundo das novas almas, acabamos nos perguntando o que nos torna nós. E achei que foi uma bela decisão não adotar representações religiosas. Embora haja menção à Madre Teresa de Calcutá, o mundo dos espíritos está bem longe de representar o Paraíso cristão.
A dose de diversão do filme vem com 22 (voz de Tina Fey). Uma “nova” alma que se recusa a ir para a Terra, que conseguiu enlouquecer milhares de mentores que vão de Copérnico a Muhammad Ali. Mas é com a ajuda de 22 que Joe precisa contar para voltar a sua vida. E é justamente dessa parceria inusitada que brotam as melhores reflexões da história. Que fazem de Soul uma ode à vida e tudo que você pode fazer dela.
Quando saíram os primeiros trailers de Soul houve temores de fosse um filme racista. Pois aparentemente o personagem Joe passaria a maior parte da trama como uma bola azul. O que reforçaria o estigma de retratar pessoas negras como “não humanas”. Felizmente não foi esse o caso, e o filme também traz muito da cultura negra americana. E mesmo que sua produção tenha começado em 2016, ser lançado no ano onde as palavras de ordem foram Black Lives Matter (Vidas Pretas Importam) não poderia ser mais oportuno.
Por causa da pandemia de Covid-19 o filme acabou não indo para as salas de cinema. Sendo diretamente lançado no Disney+ em 25 de dezembro. O que é uma pena, considerando que o número de pessoas com acesso ao streaming ainda é pequeno. Porém, se você levar em conta o preço dos ingressos de cinema nos últimos tempos, talvez o filme não tivesse um público tão maior nas telonas. E num ano difícil como esse, uma história dessas não podia esperar muito para ser vista. Então se você tem Disney+ e ainda não viu Soul, não espere nem mais um minuto.
Nota: 10
Confira o trailer de Soul: