Passado e presente da ditadura no cinema brasileiro

Filmes para entender o período trazem importante reflexão

A repercussão da vitória do filme Ainda estou aqui no Oscar 2025 e em outros prêmios pelo mundo tem levado a muitas reflexões sobre a ditadura militar. O cinema realizado no país sempre procurou produzir obras que refletissem sobre aspectos relacionados a esse período de nossa história.

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Em anos anteriores se viu, com o crescimento do bolsonarismo, a difusão de mentiras sobre o golpe e a ditadura. O cinema brasileiro vem sendo sistematicamente atacado pelos defensores dessa ideologia, chegando ao ponto de contar mentiras relacionadas ao filme que recentemente venceu o Oscar.

A ditadura vem se mostrando presente na cinematografia recente. Os temas abordados passam por diversas abordagens, como a visão do período a partir da perspectiva da infância, como se vê no filme O ano que meus saíram de férias, de 2006. Essa é uma perspectiva narrativa utilizada na cinematografia sobre ditadura de outros países, como no filme Machuca (2004), do Chile, e no argentino Infância clandestina (2011).

Uma das produções mais famosos produzidos no Brasil sobre a ditadura foi o filme O que é isso companheiro, de 1997. O filme também concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, sem conquistar o prêmio. Outros filmes que trataram da luta armada foram Lamarca, lançado em 1994, e Marighella, de 2019.

Também foram realizados alguns importantes documentários. Um dos mais marcantes sobre o período é um pequeno curta, disponível de forma gratuita na internet, chamado 15 filhos, de 1996. Nesta obra, filhos de presos e perseguidos políticos relatam suas lembranças de infância sobre o período. O documentário mostra um pequeno exemplo dos traumas que crianças inocentes carregaram para a sua vida.

Outro documentário que chamou bastante a atenção foi Hércules 56, lançado em 2007. O filme mostra o sequestro do embaixador estadunidense Charles Elbricke e a negociação do seu resgate, em setembro de 1969. Em troca do embaixador, foram soltos quinze presos políticos, enviados para o exílio no México. O documentário acabou sendo controverso até mesmo na esquerda, em especial porque um dos personagens centrais aos fatos descritos foi uma das figuras mais criticadas do governo Lula, o ex-ministro José Dirceu.

Essas representações cinematográficas, realizadas ao longo das últimas décadas, mostram o interesse da sociedade em debater o período, sem que ódios desinformados venham a ser usados para desqualificar o debate ou o trabalho dos artistas. Mesmo que sua abordagem possa suscitar polêmicas, os temas levantados nos filmes sempre permitem a reflexão sobre a violência do Estado, a perseguição contra os opositores políticos e o impacto do regime na vida das pessoas.

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