Osmosis: Série francesa da Netflix não cumpre o que parecia prometer!

Já imaginou poder encontrar sua alma gêmea graças à uma tecnologia de ponta, que estuda seu cérebro e todas as respectivas conexões que ele é capaz de fazer, sem chance de erro (ou ao menos, é o que seus criadores querem fazer as pessoas acreditar)? Essa é a proposta de Osmosis, tecnologia desenvolvida pelos irmãos Paul e Esther Vanhove, na série francesa da Netfix, com o mesmo nome.

À primeira impressão pode parecer que é uma espécie de tinder e outros aplicativos de relacionamento muito utilizados hoje em dia. Só que vai muito além disso. Para determinar com precisão o par ideal de cada um é feito toda uma análise baseada em hormônios, neurônios,neurotransmissores e tudo que for correspondente à química cerebral da pessoa.

Assim, aqueles que estiverem aptos a testar essa tecnologia inovadora não precisam se preocupar em escolher com quem se relacionar, pois a própria Osmosis se ocupa disso. Além, de evitar frustrações tão recorrentes nesses aplicativos mencionados, já que tem um respaldo científico por trás de cada match.

Contudo, como toda invenção, nem todos a enxergam com lentes cor de rosa. Afinal, par perfeito? Amor à primeira vista? Viver feliz para sempre como num conto de fadas? Alma gêmea? Será que isso realmente é possível no mundo real ou são ideias defendidas por quem quer lucrar às custas da ilusão alheia?

Diante disso, surge de um lado, o que poderíamos chamar de militância avessa à Osmosis; um grupo que se coloca totalmente contra ao projeto por afirmar que se trata de mera enganação para pessoas ingênuas, românticas e sonhadoras demais.

E por outro lado, como toda grande repercussão, acaba atraindo aqueles que desejam tomar as rédeas da criação ou pelo menos se infiltrar entre seus fundadores a fim de também se beneficiar com seu aparente sucesso. E por causa, disso vai criando-se uma rede de ameaças, conspirações e traições em busca do poder.

Num primeiro momento, e isso se deve muito por influência do trailer, pensamos logo que se trata de uma série com elementos de ficção científica, mas que estes não se sobrepõem aos dilemas daqueles personagens que almejam encontrar o amor e a conexão perfeita. Portanto, a ideia que criamos é que o enfoque será no drama. Porém, Osmosis está muito mais próxima da ação e ficção científica do que do drama. E dessa forma, o trailer promete algo e entrega outra coisa.

No final das contas, a trama dos testadores fica relegada apenas à plano de fundo para explicar como funciona a Osmosis na prática e como isso afeta a vida tanto de quem está envolvido no projeto, quanto daqueles que estão ao redor.

Às vezes, uma ideia ruim ou apenas pouco atraente é tão bem executada que o resultado final surpreende a todos. E outras vezes, acontece o contrário. A ideia é tão boa, mesmo que não seja completamente original (e algo dentro da arte realmente o é?), que tudo leva a crer que vai ser um sucesso, mas na hora de ser executada de fato acaba ficando confusa e perdendo o fio da meada, gerando uma expectativa que não é cumprida. Infelizmente, Osmosis se enquadra nesse segundo caso.

Tinha tudo pra ser mais uma daquelas séries do catálogo da Netflix que são renovadas em várias temporadas. Só que dificilmente será o caso. Talvez o público que se interesse por ficção científica até tenha ficado satisfeito com o que assistiu, mas quem esperava encontrar um aprofundamento psicológico maior e um desenvolvimento melhor dos personagens, vai terminar a série tão frustrado quanto os adeptos de aplicativos de relacionamento.

Pra não dizer que nenhuma trama é interessante, vale destacar alguns personagens, como os próprios irmãos fundadores (principalmente Esther, com todo seu mistério e “frieza”, apesar da sensibilidade e inteligência emocional que tem para planejar e levar adiante a Osmosis), Billie, Ana e Niels.

Paul, uma das mentes por trás de Osmosis, se vê prejudicado ao ser abandonado por sua alma gêmea revelada pela tecnologia da Osmosis, Jhoséphine, pois afinal, como convencer as pessoas da credibilidade de seu projeto e prometer a garantia de um amor eterno e verdadeiro, se ele não consegue cumprir a promessa nem pra ele mesmo?

Billie é um grande enigma. Qual seria sua história? Ela se dedica tanto ao seu trabalho, orientando indivíduos que querem encontrar o amor, mas ela própria não tempo de também participar dessa busca ou, esconde algum passado afetivo doloroso e por isso foge quando é questionada sobre essa área da vida?

Ana parece ingênua, manipulável, mas é muito mais esperta do que parece num primeiro momento. Ainda assim, “cai nas garras da Osmosis” ao se apaixonar à primeira vista por seu par perfeito determinado pela tecnologia que, curiosamente, é seu completo oposto. Levantando a discussão; os opostos de fato se atraem e até a ciência pode provar isso?

Entretanto, nada se compara ao personagem com o melhor arco narrativo da série, Niels. Ele é um garoto com distúrbios sexuais, só consegue sentir atração física pelas pessoas, mas não é capaz de se envolver afetivamente. E justamente por isso, ele quer tanto participar do projeto. Acredita que encontrando a mulher certa para si, vai poder se libertar de seus problemas psicológicos.

Em geral, Osmosis é mais uma série, como tantas outras por aí, que tinha bastante potencial, mas não foi bem aproveitada. Uma pena.

Nota: 5

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