O Desafio Literário Popoca de junho, com o tema um livro com um mês no título foi bem mais difícil de completar do que eu imaginava. Em compensação, me deu a oportunidade de tirar da estante um livro vencedor do Pulitzer de Melhor Ficção!
spoiler free
A autora australiana Geraldine Brooks, famosa por outros livros, como As memórias do livro e Nove partes do desejo, traz em March um romance histórico que retrata o que teria sido a história não contada no clássico Mulherzinhas do pai da família March.
Mr. March é um abolicionista radical e vegano, que conta através de cartas e uma espécie de diário, a sua história desde um jovem vendedor ambulante viajando pelo sul escravagista dos Estados Unidos, até o seu envolvimento na guerra de secessão, com direito a como se casou com a futura Ms. March e o nascimento de todas as personagens do clássico romance de Louisa May Alcott.
Geraldine Brooks fez um senhor trabalho histórico para escrever esse livro, com direito a estudar a família Alcott, que serviu de base para Mulherzinhas, vários descritivos da época da guerra, indo até os detalhes das batalhas mostradas no livro, a forma como os médicos trabalhavam, diários de escravos que conseguiram sua liberdade e como funcionava a rede subterrânea para escravos fugitivos. É um trabalho hercúleo, que transparece no texto do início ao fim.
Por se tratar de uma época muito conturbada, O Senhor March é uma leitura bastante pesada e, dependendo do seu estado de espírito, muito depressiva. É desconcertante ler como era considerado um ponto de vista radical, e até mesmo doentio, considerar que negros e brancos são iguais. E pior ainda, saber que muitas das asneiras racistas ditas pelos personagens desse livro continuam sendo repetidas até hoje.
Confesso que eu não estava psicologicamente preparada para esse tipo de leitura. Tive muita dificuldade de ler até o final, não porque o livro seja ruim, muito pelo contrário, existe uma razão dele ter ganho o prêmio Pulitzer. A minha questão é que eu não tive estômago para o seu conteúdo.
Fica o aviso, o livro vale a leitura, mas necessita de resiliência.
Nota 7 pela minha experiência, acredito que se tivesse lido em outro momento teria sido melhor.