No início, tínhamos apenas Superman, o filme e parecia que ficaríamos por isso mesmo. Então veio Tim Burton. Ele gostava das coisas que ficam no escuro, onde ninguém curte olhar. O diretor trazia essas coisas para a luz dos cinemas e contava histórias maravilhosas. Parecia quase óbvio que tinha que dirigir um filme do Batman. E assim foi há trinta anos…
Naquela época, além de desenhos animados e dos gibis nós só conhecíamos a versão bem humorada do Batman de Adam West. Os anos 90 ainda não tinham chegado, mas Frank Miller já tinha feito do Homem-Morcego, o Cavaleiro das Trevas. E o público queria mais.
A escolha de Michael Keaton não agradou a ninguém. Mais conhecido por estrelar filmes de comédia, parecia que Burton iria insistir em um caminho já saturado para o personagem. Não iria. Mesmo fisicamente inadequado para o papel (o ator mede cerca de 1,66 e era bem mais baixo que a modelo Kim Basinger, com quem contracenava), Keaton trouxe um ar de agressividade e melancolia que os fãs se ressentiam de ver em live action. Puro sucesso.
Falar do sucesso de Burton agora parece simples. Mas naquela época, o diretor tinha feito sucesso por sua comédia Beetlejuice (Os Fantasmas se Divertem, em português). Felizmente, as primeiras imagens do cenário, do personagem e do batmóvel criaram toda expectativa necessária. Não era o Batman dos gibis, mas era como Batman dos gibis seria no mundo real.
Entre as concessões morais e mudanças do personagem: este Batman é mais cruel. Não matava inimigos cruelmente, mas usava armas de fogo a vontade. A morte do Coringa, maravilhosamente encarnado por Jack Nicholson, inocentava o personagem de ser anti-herói demais.
E, talvez, haja aí um certo segredo do filme. Nem a Warner e nem Burton, viram as crianças como um público fundamental. Era uma produção para fãs crescidos, que levariam filhos e irmãos mais novos para a diversão. Exatamente a estratégia inversa que gera os blockbusters da Marvel nos dias de hoje. E não é que funcionou?
Afinal de contas, Nicholson interpreta um Coringa misógino muito antes da gente se acostumar com a palavra. Enquanto Keaton interpreta um conflito irreconciliável entre Wayne e Batman. É um filme que mereceu retornar aos cinemas porque não envelhece. Apenas se torna mais clássico. Um clássico noir do Homem-Morcego.