Hélène Bruller, autora de Aparelho Sexual e Cia., falou com o El Pais . O assunto? Os ataques do candidato a ditador Jair Bolsonaro ao seu livro. Espirituosa, a autora deixou claro que a reação tem mais a ver com o político do que com o seu livro.
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Inconscientemente, eu até acho que sim. Eu acho que lá no fundo do Bolsonaro existe um pequeno garoto, o petit Jair, que teria adorado que, na sua infância, lhe tivessem dado de presente um exemplar do Aparelho Sexual e Cia ao invés de ficarem, com caras transtornadas, berrando e dizendo para ele: “Petit Jair, você vai para o inferno se se masturbar”.
Esclarecimento
Aliás, vale lembrar que o livro nunca esteve programa algum do Ministério da Educação. E apenas 28 exemplares foram comprados por um programa do Ministério da Cultura e distribuídos para bibliotecas públicas. Nenhuma delas em escola.
O livro de Hélène Bruller não deixa de ser educativo e adequado a crianças apesar disso.
Ou seja, o que Bolsonaro disse também no Jornal Nacional não é verdade. Hélène Bruller ainda fez a melhor defesa de seu livro ao descrevê-lo:
É um livro sobre o medo. Sobre o medo de virar adulto, o medo de viver a sua sexualidade — algo que muitas vezes os extremistas apresentam às crianças como algo sujo. A questão do livro não é dizer às crianças que a sexualidade é algo que diz respeito a elas hoje, mas sim dizer-lhes que a sexualidade será parte da sua vida adulta; e que assimilá-la de forma serena é a melhor maneira de vivê-la como algo saudável.
A literatura – como a arte – existe para que a gente possa lidar com questões que nem sempre compreendemos de cara. Está aí para contestar e criar reflexões. Inclusive, o importante é que as ideias circulem e que haja diálogo entre pais e filhos. O resto é resto.
E quem quiser saber mais sobre o livro:
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