Duna é uma mitologia com um público leitor bem fiel. Somente muito amor e paixão explicam a terceira tentativa de adaptar os livros de Frank Hebert novamente depois que já virou um filme ruim e uma série de TV esquecida. Pode ser estatística, maldição ou coincidência, mas não será desta vez que veremos um bom filme nos cinemas.
Dirigido por Denis Villeneuve, Duna estreou simultaneamente no HBO Max e conta a história do jovem Paul Atreides (Timothée Chalamet), cuja nobre família ganha o controle do planeta Arrakis, vital para a sobrevivência do Império espacial. Porém, a cessão parece ser apenas um plano do Imperador para eliminar a única casa que pode rivalizar com seu próprio poder. Será que os Atreides vão conseguir cumprir com suas obrigações e fazer sua linhagem escapar ilesa?
Villeneuve, assim como David Lynch, fez a escolha de manter uma constante nos livros de Hebert de presságios que antecipam cada ponto de virada. Atreide vê o futuro e nós vemos através de seus olhos, mas a forma como o diretor constrói este flash-forward é óbvia demais. O personagem principal se torna um Édipo as avessas, oráculo de si mesmo, em que suas prófecias são claras para o protagonista. Sem confusão (ou conflito) não há tragédia (ou drama).
Atreide acaba sendo um personagem que sabe exatamente o que virá e como resolver sempre. Qual a graça?
Duna de Villeneuve, assim como a produção de Lynch, é um assombro técnico. Efeitos especiais, figurinos e efeitos sonoros são irreparáveis. Falta apenas história. O diretor assume uma escolha ousada de terminar a primeira parte da jornada de Atreide antes mesmo de sua transformação do personagem no guerreiro Muadib (no livro, Atreide aprende com os Fremen costumes que o impulsionam para a vitória). Tudo isto em um ritmo lento, repleto de slow motion de fazer inveja a Zack Snyder. Resta saber se o público lhe dará a chance de retornar a este universo. Historicamente, os enredos de Hebert só dão uma chance.
Nota: 5
Confira o trailer: