Doutor Estranho: No Multiverso da Loucura foi um filme construído em um gigantesco prólogo em Wandavision, série indicada ao Emmy. Foi na história que abordava as consequências que a psiquê de Wanda (Elizabeth Olsen) e a sua descoberta sobre seu próprio passado que o plot do segundo filme do Mago Supremo (Benedict Cumberbatch) começava aliado às consequências que assistimos em Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa e Loki. Além de pitadas de What If…?
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Tanta organização gera expectativa, é claro. Afinal de contas, o segundo filme do Doutor Estranho neste século (sim, tivemos outro filme esquecido no século 20) era a consequência de vários episódios e um grande filme. Será que justificaria toda ansiedade?
Na primeira metade, Doutor Estranho: No Multiverso da Loucura faz valer a pena. Stephen Strange comparece ao casamento de seu grande amor Christine (Rachel McAdams) e questiona como suas escolhas os separaram. Subitamente, uma invasão com um monstro bem familiar, o faz interromper sua vida civil para tentar salvar a misteriosa América (Xochiti Gomez), uma adolescente com o poder de viajar entre os universos do multiverso. No rastro para ajuda-la, Estranho descobre que a mesma Wanda a quem pede ajuda é a mesma pessoa que a persegue. Tudo com o objetivo de reencontrar seus filhos, criados por ela mesma através de magia.
O ritmo da história, suas viradas e cenas de ação fazem entendermos porque a escolha de Sam Raimi para cuidar da direção foi tão comemorada. De volta ao Universo Marvel, o diretor mostra que ainda é melhor do que a marioria dos diretores de outros filmes de super-herói e como seu estilo e o do Marvelverso combinam.
Porém, na segunda metade falta história. Será que isso estraga a experiência do filme?
Desde uma máscara de zumbi bem malfeita até conclusões apressadas, com Wanda virando uma espécie de Carrie, a Estranha até o final. Torna-se tudo previsível, desde as consequências do envolvimento do Doutor Estranho com o Tomo Negro para derrotar Wanda até a solução melodramática com discursos edificantes no melhor estilo tudo-pode-ser-só-basta-acreditar. Mas este não é um filme da Xuxa, mas da Marvel. O espectador está preparado para acreditar no fantástico desde que seja pela ação e não da comoção verborrágica como um desenho animado dos anos 80. É justamente neste momento de clímax, que o filme não consegue manter o ritmo.
Apesar desses erros, a produção tem o mérito de colocar um ponto final na trajetória de Wanda e neste ciclo. Ainda que abra as portas para uma sequência (com uma aparição impressionante e inesperada), a melhor coisa de Doutor Estranho: No Multiverso da Loucura é justamente colocar um ponto final em personagens como a Feiticeira Escarlate e Christine. Agora é torcer que o próximo seja o melhor da franquia. Talvez com Raimi envolvido desde o início.
Nota: 7
Confira o trailer de Doutor Estranho: No Multiverso da Loucura: