Final foge de obviedades e consolida minissérie como muito mais original do que a média de TV E streaming
Shogun convenceu rapidamente que se tratava de uma minissérie fora do comum e seu final conseguiu ir além do esperado e surpreender novamente. Se no começo, o tom épico evocava Game of Thrones, seu final passou a ter um flerte com o drama e com mais do que batalhas-de-capa-e-espada. Um golaço.
Depois do penúltimo episódio, a série parecia descambar para um inevitável confronto entre Lorde Yoshii Toranaga (Hiroyuki Sanada) e Ishido Kazunari (Takehiro Hira) mas o primeiro aproveita o sacrificio de seu filho e de Toda Mariko (Anna Sawai) para mudar toda direção da guerra. Sem legitimidade, seu inimigo chega ao campo de batalha traído pelos aliados e ele vence todo confronto sem levantar uma espada. Este seria o resumo perfeito do desfecho de Shogun se não considerarmos a jornada marcante de personagens como Anjin-san (Cosmo Jarvis) e Kashighi Yabushige (Tadanobu Asano)
O que significa o final de Shogun?
Quando Toranaga recebe o poema da Imperatriz (Fumi Nikaido), percebe que ganhou uma nova aliada. Relembrando as palavras de Mariko:
Se eu pudesse usar palavras
Como flores espalhadas e folhas caindo,
Que fogueira meus poemas fariam.
“Você não é melhor do que o resto de nós em seu coração secreto!”, diz Yabushige ao perceber que todos foram ludibriados por Toranaga, que nega ter soprado os ventos dessa mudança. “Eu não moldo o vento. Eu só estudo”, responde o novo Shogun deixando claro que seu mérito é acompanhar tudo o que ocorre e se adaptar rapidamente, sempre com um novo plano.
Do outro lado, o Anjin sonha com a vida que nunca teve e os filhos que jamais nasceram. Embora alguns espectadores tenham acreditado ser um flash-forward, vale lembrar que diante das crianças, o antigo Blacktorne tem a cruz dada por Mariko. Mas na realidade ele jogou o objeto junto com suas cinzas ao mar. Vale lembrar que o personagem é inspirado em William Adams, primeiro inglês a desembarcar em solo japonês e que teve uma jornada semelhante jamais deixando o Japão.