Com fundo distópico, ‘A Cratera’ fala sobre poder da amizade

Filme mostra que as relações humanas ainda são o maior motor da humanidade.

É bem possível que a Disney estivesse atrás de um pouquinho do sucesso de Stranger Things ao aprovar um filme dos irmãos Duffer. Pelo menos é difícil não pensar nisso ao assistir o trailer de A Cratera (Crater), filme que chegou ao Disney+ no último dia 12. Porém, mesmo com o fator comum da aventura adolescente, as produções não poderiam ser mais distintas.

Em 2257 os humanos possuem uma colônia de mineração na Lua, onde devem trabalhar por 20 anos antes de serem transferidos para Ômega. Supostamente um planeta idílico para onde a viagem dura 75 anos em sono criogênico. É para lá que Caleb (Isaiah Russell-Bailey) irá em alguns dias, cumprindo o acordo de seguro de vida que a empresa tinha com seu pai. Mas antes ele precisa fazer algo com seus amigos: ver a cratera que seu pai tanto falava.

Essa é uma daquelas aventuras em que o destino não é tanto o que importa, mas a jornada e as companhias. O grupo de amigos formado por Caleb, Dylan (Billy Barratt), Borney (Orson Hong) e Marcus (Thomas Boyce) junto com a recém-chegada Addison (Mckenna Grace) é extremamente envolvente e cativante. É impossível não voltar no tempo enquanto nos conectamos com esses adolescentes que querem ser “donos do próprio destino”, nos lembrando daquela fase em que acreditávamos poder tudo.

A verdade é que não se trata de uma reles aventura inconsequente, apesar das atitudes arriscadas. Com o desenrolar da trama descobrimos que o pai de Caleb prometeu levá-lo à cratera um dia, e o fez prometer que iria com os amigos caso acontecesse algo com ele. Também descobrimos que nenhum dos garotos jamais viu a Terra, que a empresa que opera as minerações na Lua tem um esquema abusivo e que Addison veio em condições tristes.

É uma trama com várias dimensões, e arrisco dizer que renderia uma boa série derivada. (Haveria abertura para tal.) Ao mesmo tempo em que as relações de amizade nos remetem a enredos oitentistas como Conta Comigo e O Clube dos Cinco (inclusive, o elenco precisou assistir esses filmes para compor os personagens), as menções das vidas que levam nos remetem a produções como The Expanse. Sabendo a forma adequada, teria bastante a ser explorado.

O final é agridoce, deixando aquela sensação de querer ver um desfecho diferente. Mas ao mesmo tempo nos deixa com um calorzinho no peito, nos fazendo pensar nas relações que construímos pela vida. E o que fazemos para deixar marcas nas vidas que tocamos.

O filme A Cratera foi criado e escrito por John Griffin, dirigido por Kyle Patrick Alvarez e produzido por Dan Cohen, Dan Levine e Shawn Levy.

Nota: 8,5

Confira o trailer:

 

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